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Tumulto para trens, bloqueia via e fecha escolas na zona leste

Manifestação para pedir assistência a desabrigados de favela termina em confronto de quatro horas com policiais

Protesto bloqueou uma linha de trem, saturou outra, fechou a avenida Jacu-Pêssego e levou lentidão à Ayrton Senna

Rubens Cavallari/Folhapress
Policiais militares tentam conter manifestantes em São Miguel Paulista, na zona leste
Policiais militares tentam conter manifestantes em São Miguel Paulista, na zona leste

THIAGO AZANHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ANDRÉ MONTEIRO
DE SÃO PAULO

Um protesto de moradores da zona leste de São Paulo, no final da tarde e início da noite de ontem, terminou em confronto com a polícia, paralisou uma linha de trens da CPTM, fechou duas escolas, interditou a avenida Jacu-Pêssego e causou lentidão de 6 km na rodovia Ayrton Senna durante o horário de pico.

O tumulto durou cerca de quatro horas. A manifestação era contra a falta de assistência, pela prefeitura, a desabrigados de uma favela incendiada anteontem na região.

Segundo a polícia, um homem foi detido e liberado, um policial foi ferido com uma pedrada na cabeça e vários veículos da PM foram danificados.

O protesto começou por volta das 17h, com cerca de cem moradores ateando fogo a pedaços de madeira na avenida, perto da Ayrton Senna.

Policiais militares da Força Tática e Tropa de Choque foram recebidos a pedradas e revidaram com bombas de efeito moral. A avenida foi liberada duas horas depois.

Os confrontos seguiram em ruas próximas. Novas barricadas foram montadas e a PM continuou usando bombas para dispersar manifestantes.

Segundo professoras, as aulas nas escolas estaduais República de Honduras e José de San Martin foram suspensas para evitar invasão.

Por volta das 18h40, os manifestantes colocaram fogo sobre os trilhos da linha 12-safira, interrompendo até as 21h a circulação de trens entre o Brás e São Miguel Paulista.

A linha 11-coral, que passa pela região, foi sobrecarregada, o que levou o Estado a liberar a integração gratuita com o metrô na estação Tatuapé (linha 3-vermelha). Segundo a CPTM, o fato "prejudicou o retorno para casa de milhares de trabalhadores".

Ermes Rodrigo, 30, morador do bairro, ficou inconformado ao ser proibido pela polícia de entrar na rua de casa, no momento mais crítico do protesto. "Moro aqui desde que nasci e é a primeira vez que isso acontece. Minha mulher e meus filhos estão em casa, estou preocupado."

"Fiquei desesperada, minhas filhas ficaram presas no trânsito", disse Cintia Santos, 31. Segundo Silvana Silva, 29, uma bomba explodiu ao seu lado. Ela se escondeu na casa de uma vizinha.

DESABRIGADOS

A prefeitura informou que prestou atendimento às famílias da favela Nova Vila Nair, que teve 85 barracos incendiados -220 pessoas ficaram desabrigadas. Disse, ainda, que distribuiu 350 colchões, 350 cobertores, 146 cestas básicas e 137 kits de higiene.

Também afirmou que as famílias não aceitaram ir para abrigos, mas que foi formada uma comissão de moradores para discutir com a prefeitura "outras formas de atendimentos necessárias".

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