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Diretora de escola no Rio engana PM por temer tragédia

Para evitar confronto, ela informou que bandido que sequestrara ônibus com crianças estava em outra direção

Criminoso acabou deixando veículo e nenhum aluno que estava na excursão ficou ferido, na terça

DIANA BRITO
DO RIO

Após ver um criminoso armado que fugia da polícia entrar em um ônibus de excursão com 40 crianças a bordo, a diretora do Colégio Interativo, em Coelho Neto, zona norte do Rio, decidiu mentir para a polícia sobre o rumo tomado pelo veículo. Seu objetivo era proteger os alunos de um possível confronto.

Há 28 anos na área da educação, Luzia Maria Caldeira dos Santos, 57, diz que duas lembranças a influenciaram.

Uma foi a do sequestro do ônibus 174, em 2000, no Jardim Botânico, que resultou em duas mortes. A outra, a do caso de Eloá Pimentel, morta aos 15 anos em 2008 pelo ex-namorado em São Paulo, durante um cerco policial.

Com o destino marcado por tragédia familiar, conta que se viu intimada a impedir que outras mães sentissem a dor de perder um filho. Em 2005, sua filha foi estrangulada no escritório de advocacia onde trabalhava, aos 23 anos.

Na terça de manhã, como de costume, a docente havia jogado água benta na entrada da escola e nas crianças. Mais tarde, às 14h30, quando um grupo de alunos se preparava para seguir rumo a uma exposição de ciências em um shopping na zona norte, foram ouvidos vários tiros.

Dois criminosos eram perseguidos por PMs em um carro roubado. Um deles foi baleado e morreu. O outro invadiu o PAM (Posto de Atendimento Médico) vizinho à escola. Ele fez uma dona de casa refém -ela acabou baleada- e depois escapou até o ônibus da escola.

Ao alertar a polícia sobre a fuga do criminoso pelos fundos do hospital, a professora informou que o caminho tomado pelo ônibus sequestrado tinha sido a avenida Brasil, quando, na verdade, ele havia seguido em direção ao morro da Pedreira, em Costa Barros (zona norte).

"Se eu tivesse falado a verdade poderia haver uma tragédia maior", disse.

O bandido acabou deixando o veículo sem fazer feridos. Ele ainda não foi localizado.

A dona de casa baleada morreu. A Polícia Civil investiga se o tiro que a atingiu partiu do fuzil de um dos PMs.

"Fica um sentimento de perda, tristeza, mas também de esperança e fé. De um lado ocorreu uma tragédia, e de outro a gente conseguiu evitar. São sentimentos contrários que acabam se cruzando", diz Luzia.

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