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São Luís, 400

Cidade comemora aniversário com virada cultural e bolo de 400 m

Douglas Cunha/"Estado do Maranhão"
Casarões no centro histórico de São Luís, capital maranhense fundada por franceses que completa 400 anos hoje
Casarões no centro histórico de São Luís, capital maranhense fundada por franceses que completa 400 anos hoje

DE SÃO PAULO

Patrimônio mundial da humanidade, a capital do Maranhão, São Luís, comemora 400 anos hoje com uma virada cultural que terá mais de 40 horas de shows, além de um bolo de 400 metros e distribuição de guaraná Jesus -um dos ícones da cidade.

Um aeromodelo criado por alunos da Federal do Maranhão está coletando imagens dos festejos, que serão guardadas numa "cápsula do tempo" a ser aberta em cem anos.

Anteontem, grupos de tambor de crioula -manifestação afro que, em 2007, foi declarada patrimônio imaterial brasileiro- se apresentaram em uma praça da cidade, enquanto DJs de reggae seguem animando a cidade até amanhã.

Nos últimos anos, São Luís vem sendo chamada de "Jamaica brasileira" -referência ao país caribenho onde o reggae nasceu.

Segundo a prefeitura, a taxa de ocupação dos hotéis durante as comemorações aumentou 15% neste ano em comparação a 2011 -75% dos leitos foram ocupados.

Fundada por franceses em 1612 -seu nome homenageia o rei da França Luís 13 (1601-1643)-, São Luís receberia ontem o grupo de teatro acrobático francês Les Passagers para reviver no palco uma parte de sua história.

No dia a dia, porém, a preservação da história carece de investimentos, segundo autoridades do setor.

"Temos 1.342 imóveis tombados pelo governo federal e só dois arquitetos e dois engenheiros para cuidar", diz Kátia Bogéa, gestora do Iphan (instituto federal do patrimônio histórico) em São Luís.

Além da área federal, que coincide com a declarada patrimônio mundial da humanidade pela Unesco, há uma área tombada pelo Estado -totalizando 5.600 imóveis.

O Ministério da Cultura informou que terá em 2013 um orçamento 30% maior (de R$ 2,38 bilhões), mas ainda não sabe a parcela que irá destinar ao Iphan.

Para o promotor Fernando Barreto Jr., a maior culpada pelo abandono do centro histórico é a prefeitura.

"Os proprietários fazem obras ilícitas e depois conseguem Habite-se para regularizá-las", diz.

Segundo ele, a falta de uma política que estimule as pessoas a morar no centro faz com que os casarões sejam abandonados ou transformados em comércio.

A prefeitura afirma que dá isenção de IPTU a imóveis tombados em bom estado. "[Mas] A cidade tem vivido um período significativo de investimentos em construções novas em bairros próximos às praias, o que torna o centro histórico pouco competitivo", informa, em nota.

As praias, outro cartão-postal da cidade, representam outro desafio: todas estão impróprias para banho.

Além disso, 23% da população -233 mil pessoas do total de 1 milhão, segundo o IBGE- vive em favelas. Nesse quesito, São Luís está pior apenas que Belém e Recife.

Quanto à educação, dados do Ideb (avaliação do ensino básico) mostram que a rede estadual de ensino estagnou nas séries finais. Já a municipal piorou em todas as séries.

Procurados pela reportagem, nem a prefeitura nem o governo comentaram.

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