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Kazumi Ogawa (1929-2012)

Sobreviveu à bomba de Nagasaki

FERNANDA KALENA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todos os dias, o japonês Kazumi Ogawa pegava a balsa que ligava a zona rural de Nagasaki, onde morava, ao centro da cidade para trabalhar em uma fábrica que produzia armamentos para a Segunda Guerra Mundial.

No dia 9 de agosto de 1945, então com 16 anos, ele se atrasou e perdeu a travessia. Foi esse atraso que salvou sua vida. Naquela manhã, a segunda bomba atômica lançada pelos Estados Unidos atingiu a cidade. Calcula-se que cerca de 70 mil pessoas morreram na hora.

Após passar um período estudando em Tóquio, voltou à terra natal em 1961, quando seu pai morreu, mas já não se sentia em casa. Recém-casado, mudou-se com a mulher, Marikio, para o Brasil.

"Ele falava que tinha vindo passar a lua de mel aqui, mas gostou tanto que resolveu ficar", conta seu sobrinho Naoki Ogawa.

Os primeiros três anos Kazumi morou em Santa Maria, no interior gaúcho. Em 1964, por meio de um convênio entre o governo japonês e o de Santa Catarina, foi viver na zona rural de Curitibanos.

Foi nessa área, que hoje pertence à cidade de Frei Rogério, que ele fundou a Colônia Japonesa Celso Ramos.

Em 2002, criou no município um monumento chamado Sino da Paz, que recebe turistas de todo o mundo.

"Por ter sobrevivido àquela tragédia, ele se sentia na obrigação de fazer algo para homenagear todas as vítimas das bombas nucleares e suas famílias", conta Naoki.

Kazumi morreu na terça-feira (4), enquanto dormia, aos 83 anos. Além de sua mulher, deixa três filhos e quatro netos.

coluna.obituario@uol.com.br

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