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Após morte de adolescentes, polícia ocupa favela do Rio

250 PMs participam da operação em Mesquita, na Baixada Fluminense

Jovens foram mortos no fim de semana após serem encontrados por traficantes; Bope está na comunidade

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DIANA BRITO
DO RIO

Em reação ao assassinato de seis adolescentes no fim de semana, a Polícia Militar ocupou ontem por tempo indeterminado a favela da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense.

Cem policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) invadiram a comunidade, seguidos por 150 PMs. Alguns estavam em blindados dos Fuzileiros Navais.

As investigações apontam que a chacina ocorreu porque os jovens se aproximaram de onde ficam guardados armamentos de criminosos de favelas da capital ocupadas para a instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

As vítimas tinham ido a uma cachoeira no parque de Gericinó, vizinho à Chatuba, e foram rendidas por volta das 19h de sábado, perto da "casa das armas".

Desde o início da política de pacificação, traficantes têm transferido seus paióis para outras favelas.

Alguns também migram para comunidades controladas por suas facções -a Chatuba é área do Comando Vermelho e recebeu criminosos do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio.

Moradores do bairro Cabral, em Nilópolis, onde há uma facção rival, os jovens foram espancados a noite toda.

Segundo o governador Sérgio Cabral (PMDB), traficantes em fuga de comunidades pacificadas acabam se abrigando em outros pontos.

"Eles conseguem escapar, se reorganizar, e tentam manter a estrutura do poder paralelo. Isso tem sido bem claro para a gente. A gente não tem ilusão", disse o governador.

AULAS SUSPENSAS

Além dos seis jovens, um aspirante a cadete e um pastor também foram mortos na região. Um outro jovem permanecia desaparecido ontem.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, nega a fuga de traficantes. "A migração acontece no sentido das lideranças do tráfico. Não existe migração em massa."

Não houve resistência dos traficantes quando os PMs ocuparam a Chatuba. Mesmo assim, seis escolas foram fechadas e 5.000 alunos ficaram sem aulas.

Os policiais já tinham a notícia de que os autores dos assassinatos haviam fugido e se abrigado no morro do Chapadão, na zona norte do Rio.

O Bope não foi até o Chapadão ontem. Se concentrou em procurar o paiol. Encontrou cinco acampamentos com armas e prendeu 19 pessoas, que a polícia não informou se têm ligação com as mortes.

O delegado Julio Silva Filho, da 53ª Delegacia de Polícia, calcula que 20 criminosos participaram dos crimes.

"O fundamental é que não fique impune", disse a secretária nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário.

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