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Vítima de facção criminosa foi morta por policiais da Rota

Homem que estava sendo 'julgado' pelo 'tribunal' do PCC havia sido 'absolvido'

Secretaria diz que vai apurar como ele foi morto; polícia pede exames nas mãos de todos os envolvidos

DE SÃO PAULO
DO “AGORA”

O homem apontado pela polícia como uma vítima do "tribunal do crime" do PCC e, supostamente, o principal motivo da operação em Várzea Paulista, foi morto pelos próprios policiais da Rota.

Ele morreu em suposto confronto com PMs quando, segundo a versão oficial, tentava fugir da chácara de Várzea Paulista. A informação está no registro da Polícia Civil.

Pelo documento, ao qual a reportagem teve acesso, Maciel Santana da Silva, 21, tinha sido "absolvido" pelos criminosos porque a própria menina de 12 anos negou ter sido estuprada por ele.

Segundo ela contou aos policiais, o irmão, que foi quem acionou os criminosos, tinha exagerado na reclamação ao bando -o rapaz tinha lhe dado apenas um abraço.

Os "tribunais" são usados pelo PCC para intimidar criminosos que atraem a atenção da polícia e atrapalham as atividades da facção.

SEM ANTECEDENTES

Silva não tinha registro de passagem pela polícia. "Não constam passagens, mas ele tem três irmãos com antecedentes criminais, inclusive por tráfico de drogas", segundo nota da Secretaria de Estado da Segurança Pública.

Ele foi morto, de acordo com o boletim de ocorrência, por uma equipe comandada pelo tenente Rafael Henrique Cano Telhada, filho do coronel da reserva Paulo Telhada, que chefiou a Rota até 2011.

PERTURBADO

O serralheiro José Doia da Silva, 56, pai de Silva, disse que o filho era viciado em maconha, andava perturbado e, por isso, o levou para fazer tratamento psiquiátrico.

Na versão apresentada pela Polícia Militar anteontem, horas após as mortes, Silva era um dos cinco mortos encontrados dentro da chácara.

Havia a possibilidade, segundo o comandante-geral da PM, coronel Roberval Ferreira França, de ele ter sido morto pelos criminosos por ter sido "condenado".

O coronel disse ainda que família da menina tinha acompanhado todo o "julgamento" e tinha ido embora, a pedido dos criminosos, para não presenciar a execução do criminoso.

Ontem, a polícia informou também que não prendeu oito suspeitos na operação, mas apenas cinco. A PM não explicou porque errou na contabilidade dos suspeitos.

LAUDOS

As primeiras testemunhas ouvidas pela Polícia Civil logo após as mortes dizem ter havido confronto entre os suspeitos e a Rota. Não há detalhes, porém, se isso teria ocorrido na morte de Silva.

Segundo o delegado seccional de Jundiaí, Ítalo Miranda Júnior, foram solicitados exames nas armas e nas mãos de todos os envolvidos para saber se houve disparo de arma de fogo e, também, se houve algum tipo de excesso.

Policiais ouvidos pela reportagem disseram não acreditar na versão de denúncia anônima à Rota.

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