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Análise

Guerra particular entre policiais e criminosos só terá perdedores

TUDO LEVA A CRER QUE PRESENCIAMOS UM VERDADEIRO CIRCUITO DE VINGANÇAS

LUIS FLAVIO SAPORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Persiste bastante disseminada na sociedade brasileira a máxima de que "bandido bom é bandido morto".

Segmento expressivo continua acreditando que a melhor maneira de controlar a violência urbana é a execução sumária de criminosos.

E a Polícia Militar de São Paulo parece levar isso a sério. É o que pode ser interpretado do confronto entre criminosos e policiais da Rota, vitimando nove pessoas.

Por outro lado, o episódio não constitui fato isolado na trajetória recente da segurança pública em São Paulo. Há indícios preocupantes no sentido do acirramento dos confrontos entre policiais militares e criminosos do PCC.

Em meses anteriores, as vítimas foram policiais militares, executados sumariamente por criminosos. Supostamente, estes estariam retaliando ação policial que matou diversos membros da organização criminosa no ano passado. Tudo leva a crer que presenciamos um verdadeiro circuito de vinganças.

E isso ocorre em meio ao recrudescimento dos homicídios no Estado. São Paulo era considerado, até pouco tempo atrás, um caso de relativo sucesso de política de segurança pública.

A redução drástica dos homicídios na década passada foi aplaudida nacionalmente e serviu de modelo para outros Estados. Entretanto, tudo o que foi arduamente construído está desmoronando a olhos vistos.

A guerra particular que se instaurou entre policiais militares e criminosos do PCC não terá vencedores, mas tão somente perdedores.

LUIS FLAVIO SAPORI é doutor em sociologia e coordenador do centro de pesquisa em segurança pública da PUC-MG

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