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Zacarias José dos Santos (1932-2012)

Severino José, cordelista do Copan

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Zacarias José dos Santos tinha um tio que era cego. Para distraí-lo, lia literatura de cordel para ele. Na escola, Zacarias tinha uma professora que ensinava cantando.

Por isso, desde cedo, acostumou-se às rimas e poesias.

Nascido no povoado de Marcação, hoje município de General Maynard (SE), mudou-se jovem para Aracaju.

Em 1953, veio a São Paulo trazendo o sonho de ser médico. "O que eu queria mesmo era fugir da sombra do velho", disse à Folha, em 2002. Filho de um comerciante, não queria o mesmo destino do pai.

Devido às dificuldades, desistiu da medicina e foi ser servidor da Justiça do Trabalho, onde ficou por 30 anos.

Era um dos moradores mais antigos do edifício Copan, no centro de São Paulo, para onde se mudou em 1963. Viveu lá até o fim da vida.

Na capital paulista, divulgava a cultura popular nordestina com cursos e palestras.

E foi de pesquisador a poeta, adotando, em seus escritos, o nome de Severino José, por influência de "Morte e Vida Severina", de João Cabral.

Escreveu seu primeiro cordel em 1977, "A Grande Paixão de Carlos Magno pela Princesa do Anel Encantado", que foi traduzido para o francês. Adaptou "A Divina Comédia" e teve uma coletânea lançada pela editora Hedra.

Nos anos 70, cursou direito. Aposentou-se em 1986 e foi vender xilogravuras e cordéis na praça da República. Em 1993, teve um derrame e sua saúde só foi piorando.

Morreu na terça (11), aos 80, de insuficiência cardiorrespiratória. Deixa mulher e três filhos. A missa do sétimo dia será hoje, às 19h, na igreja da Consolação, em São Paulo.

coluna.obituario@uol.com.br

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