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Plano da prefeitura volta a falhar e fogo destrói favela

Sem extintor e só três moradores treinados, núcleo tem 80 barracos queimados

Incêndio foi iniciado por homem que ateou fogo ao companheiro; viaduto ficará fechado por tempo indefinido

ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
MARINA GAMA
PEDRO IVO TOMÉ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com apenas três moradores treinados, sem extintores e com hidrantes trancados, o programa da prefeitura para combater incêndios voltou a falhar ontem e não impediu a destruição de cerca de 80 barracos na favela do Moinho, no centro de São Paulo.

O fogo, iniciado perto das 7h, deixou um morto, cerca de 300 pessoas desalojadas, paralisou duas linhas de trem da CPTM, interditou o viaduto Engenheiro Orlando Murgel por tempo indeterminado e levou caos ao trânsito.

Esse foi o segundo episódio, em menos de 15 dias, em que favelas na capital foram destruídas por incêndios embora tenham o Previn, o plano criado pela prefeitura em 2010.

No último dia 3, o fogo destruiu parte da favela Sônia Ribeiro, no Campo Belo (zona sul), berço do programa. A própria Moinho já tinha queimado no final do ano passado. O incêndio de ontem -o 34º em favelas neste ano- durou quase três horas.

O fogo começou em um barraco durante uma briga. Fidelis Melo de Jesus, 37, ateou fogo ao companheiro, Damião de Melo, 38, usando um botijão de gás como maçarico. O corpo de Melo foi encontrado carbonizado. Jesus foi preso.

Com o tempo seco e vento forte, as chamas se propagaram. Um dos brigadistas treinados pelo município disse que tentou combater o fogo.

"Não deu para evitar. Não tínhamos nenhum equipamento, extintor, nada. E o hidrante, que fica a 30 metros de onde começou, estava trancado", disse Francisco Charles Pereira da Silva, 25.

"Se pudéssemos abrir o hidrante e tivéssemos mangueira, evitaríamos a maior parte da destruição", afirmou.

Segundo ele, o curso foi feito em 2011 e durou cerca de um ano, mas só três moradores se interessaram porque as aulas eram às segundas-feiras, das 10h às 14h, o que inviabilizou a participação de muita gente que trabalha.

"O Previn veio, colocou o hidrante no campinho e foi embora, sem dar nenhuma orientação. O Previn e nada são a mesma coisa", disse Neide Aparecida Campos, 62, uma das líderes da favela.

Além da falta de equipamentos, os moradores afirmam que os bombeiros tiveram dificuldade até de encontrar o hidrante. O Corpo de Bombeiros nega e diz que a única dificuldade foi acessar a favela em razão das características das vias do local.

A prefeitura confirmou que a favela está no Previn e disse que a compra de equipamentos anti-incêndio está em fase final, com custo de R$ 35 mil.

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