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Análise

Mais vagas para carros trazem mais congestionamentos

AMPLIAR ESTACIONAMENTOS INCENTIVA VIAGENS DE CARRO. POR ISSO, ATRAI A DEMANDA REPRIMIDA A REGIÕES QUE NÃO TÊM INFRAESTRUTURA PARA RECEBÊ-LOS

ALENCAR IZIDORO
EDITOR-ASSISTENTE DE “PODER”

O motorista reivindica mais vagas de estacionamento e que elas sejam baratas. De preferência, de graça.

Mas a tendência é oposta nas principais metrópoles desenvolvidas, onde esses espaços são raros, caros e cada vez mais restritos -inclusive por iniciativas do poder público.

Espalhar estacionamentos em áreas centrais nem sempre é tão vantajoso. Há benefícios, mas também efeitos colaterais.

Numa cidade como São Paulo, pode-se argumentar: existem lugares saturados, com difícil acesso por transporte coletivo, onde a falta de vagas ordenadas para os carros só promove a desordem.

Pode-se dizer ainda que a existência de mais estacionamentos perto de estações de metrô é um incentivo para uma benéfica integração.

Além disso, é melhor ter vagas confinadas em terrenos do que na via -onde a ocupação de uma ou duas faixas com veículos parados afeta a fluidez dos próprios ônibus.

Por outro lado, ampliar estacionamentos, assim como construir ruas e avenidas, é enxugar gelo. Eles incentivam as viagens de carro. Por isso, atraem a demanda reprimida para regiões que não têm infraestrutura para recebê-los.

Em pouco tempo, a oferta de vagas se mostra insuficiente, e a atração de mais carros só agrava os congestionamentos. Um círculo vicioso.

Sem falar no desperdício, na avaliação de diversos urbanistas, de reservar para autos espaços que poderiam ser destinados para outras finalidades de interesse público.

É por tudo isso que, em boa parte do mundo, a tendência não é criar facilidade para carros, mas dificultar os acessos e sobretaxar os estacionamentos. Ou seja, um tipo de "pedágio urbano" pelo qual preços e escassez de garagens funcionam como desincentivo.

Na capital paulista, a lei exige quantidade mínima de vagas para novos empreendimentos, como shoppings. A dúvida é se, na prática, isso não tem servido para piorar, em vez de atenuar os engarrafamentos -que, começam, aliás, dentro das garagens.

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