Lucia Kawall Filgueiras (1924-2012)

Uma pioneira do serviço social

Ninguém saía incólume da casa de Lucia Kawall Filgueiras. Visitá-la significava provar as iguarias (arroz-doce, manjar-branco ou roscas) que ela preparava muito bem, como garantem os familiares.

Paulistana, era filha de um descendente de alemães. Seu pai, tipógrafo e esportista, presidiu em São Paulo o Sport Clube Germânia. Por isso, quando nova, Lucia jogou vôlei e, com o tempo, manteria viva a paixão pelo esporte.

No início dos anos 50, formou-se pela então recente Escola de Serviço Social de São Paulo. Trabalhou na Santa Casa, onde ajudaria a criar o serviço social da instituição.

Com uma bolsa, foi se aperfeiçoar na profissão nos EUA, e lá conheceu o médico Kleber Vasques Filgueiras.

Em 1956, já de volta, casou-se com ele e foi viver em São João del Rei (MG), a cidade do marido. Em Minas, continuou fazendo seus trabalhos sociais -e ainda aprendeu várias receitas de doces.

Em meados dos anos 60, porém, ficou viúva. Não havia tido filhos e voltou a São Paulo para morar com uma irmã. Por ser de uma família grande, de nove irmãos, tinha muitos sobrinhos -mais de 30. Com o tempo, sua casa virou o ponto de encontro deles. Havia jantares quintas e sábados.

Foi ligada ao movimento Bandeirante e fazia viagens dos grupos. Muito católica, trabalhou com os dominicanos e, até o fim da vida, participou da distribuição de sopa para moradores de rua.

Voltava todo ano para São João del Rei, para rever os amigos que manteve na cidade.

Esteve internada após passar por uma cirurgia. Morreu anteontem, aos 88, de falência de múltiplos órgãos.