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Ainda sob influência do tráfico, favela da Rocinha recebe UPP

Inauguração será hoje e unidade contará com 700 policiais, para 70 mil moradores

DIANA BRITO
MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

A UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, favela da zona sul do Rio, será inaugurada hoje com o tráfico ainda resistindo à ocupação da Polícia Militar.

Desde que o projeto do governo do Rio começou, em 2008, no morro Dona Marta, essa é a primeira comunidade ainda com focos de conflito a inaugurar uma UPP. Nas outras 27, a área estava sob o domínio do Estado.

Por isso, a Rocinha é vista na Secretaria de Segurança Pública como a "mais complexa" UPP até hoje.

"Essa é uma cultura da Rocinha: a resistência. E o criminoso busca signos de controle, através da violência, da arma. Isso dificulta, mas também pode facilitar. As pessoas já demonstraram insatisfação com o crime", afirma o coronel Rogério Seabra, coordenador-geral das UPPs.

A unidade contará com 700 policiais. Serão 140 PMs a cada 12 horas, em uma comunidade com 70 mil moradores, mais policiais do que em 70 das 92 cidades do Rio.

A UPP chega após dez meses de ocupação da Rocinha pelas forças de segurança. Neste período, a favela -que estava sob controle da polícia após a prisão do traficante Nem- viu a volta de criminosos à parte alta do morro.

Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) que ocuparam o local foram retirados para missões em outras áreas do Rio, deixando a favela desguarnecida.

O patrulhamento ficou apenas com os recrutas da UPP. Jovens com telefones celulares foram colocados nos becos para acompanhar a movimentação dos PMs. A medida torna mais discreta a vigilância do tráfico, antes feita com radiotransmissores.

Hoje, os policiais temem percorrer becos à noite. Eles dizem que trabalham sob risco em áreas pouco iluminadas. Para completar, 92% da favela não permite patrulhamento em carro. A pé, os policiais foram alvos de duas emboscadas -dois morreram.

A inauguração foi marcada pela Secretaria de Segurança para hoje em uma quadra em um dos acessos à comunidade, não em seu interior. A alegação foi de que daria mais "comodidade" aos presentes.

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