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Odor persiste, dois anos após duto romper

Área onde vivem 30 pessoas na zona rural de Mogi das Cruzes foi tomada por combustível em setembro de 2010

Moradores, que usam o solo para plantar legumes e verduras, suspeitam que a região possa estar contaminada

Danilo Verpa/Folhapress
José Pedro Machado, aposentado que mora na zona rural de Mogi das Cruzes, em poço da área contaminada na cidade
José Pedro Machado, aposentado que mora na zona rural de Mogi das Cruzes, em poço da área contaminada na cidade

EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A MOGI DAS CRUZES

Dependendo da direção do vento dá para sentir o cheiro de gasolina. A centenas de metros de onde o duto da Petrobras rompeu, também é possível retirar um punhado de solo do chão e, claramente, sentir a presença de um forte odor de combustível.

São quase dois anos, mas o descaso com cerca de 30 moradores da zona rural de Mogi das Cruzes, em São Paulo, faz com que essas pessoas possam estar seriamente ameaçadas pela contaminação que existe no local.

"Não temos água encanada. Durante todo esse tempo estamos usando água de poço do lençol freático", conta o aposentado e morador do local José Pedro Machado.

Ele vive em uma casa que está a 200 metros de onde um chafariz de gasolina jorrou por seis horas no dia 22 de setembro de 2010. Uma cachoeira de 180 mil litros de combustível atravessou a região em direção ao rio Tietê, que está a quase 600 metros dali.

Todos na região conhecida como estrada do Rio Abaixo usam o solo para plantar verduras e legumes.

"O cheiro de gasolina está sempre presente", afirma.

Por causa do rompimento do duto, uma casa da região teve que ser desocupada. Até hoje, a família não voltou para o local. Um casal e seus dois filhos vivem de aluguel, pago pela prefeitura, em outro bairro da cidade.

"Não temos garantia nenhuma de até quando teremos essa ajuda", afirma Rosiléia Maria dos Santos, moradora da casa que teve que ser abandonada e testemunha do acidente.

"Era uma máquina niveladora, não estava havendo nenhuma escavação no local", afirma Santos.

Apesar de a prefeitura, da Cetesb e da Petrobras dizerem que estão fazendo tudo que é possível, a versão dos moradores é totalmente diferente.

De acordo com Machado, depois do acidente os trabalhos continuaram na região por alguns meses. "Aí todos foram embora e disseram que estava tudo resolvido", diz.

No início deste ano, como o cheiro de gasolina continuava forte na região e sempre havia a preocupação com o consumo de água do poço, o aposentado começou a ligar para um número de telefone da Transpetro, que está marcado em uma placa perto de onde os dutos passam.

"Apenas depois disso é que eles voltaram. Ninguém apareceu aqui por volta de um ano", diz o morador. "Nesse período, teve um dia em que o mato para aquele lado pegou fogo sozinho", avisa.

A grande dúvida que paira sobre os moradores é uma só: "É tudo a mesma região. Será que essa água não está mesmo contaminada?"

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