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Rio reforça segurança para inaugurar UPP da Rocinha

Rio reforça segurança para inaugurar UPP da Rocinha

Secretário admite que projeto tem falhas em duas regiões e que pacificação é trabalho que "nunca termina"

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DIANA BRITO
DO RIO

A UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, na zona sul do Rio, foi inaugurada ontem pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) com forte esquema de segurança.

Do teto de uma escola, na estrada Lagoa-Barra, atiradores de elite do Bope (Batalhão de Operações Especiais) apontavam fuzis para a favela e para um dos acessos ao túnel Zuzu Angel. Policiais observavam atentos o entorno do palanque montado ao pé da favela, longe do local que abrigará a sede da UPP ainda em construção.

A capitã Marlisa Neves, relações-públicas do Bope, afirmou à Folha que os atiradores estavam posicionados "muito mais para observação". Ela disse ainda que o objetivo era permanecer em posições estratégicas da comunidade para proporcionar maior segurança.

"Naquele momento não se pode ter nenhum evento fora do comum", disse a capitã, afirmando que não é a primeira vez que o Bope usa atiradores no reforço da segurança numa inauguração de UPP.

O número de atiradores e os pontos de observação não foram divulgados.

Na plateia do evento, moradores se misturavam a cabos eleitorais enquanto um capelão da PM dava início à cerimônia. Uma moradora de 27 anos, que não quis se identificar, disse que criminosos ainda circulam em alguns pontos da comunidade.

"Existe ainda um poder paralelo. Eles têm poder dentro da comunidade", lamentou.

INTERMINÁVEL

Durante a inauguração, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que "a pacificação é um trabalho que não termina".

Ele reconhece que o projeto das UPPs enfrenta problemas nas comunidades do Fallet, na região central, e no Macacos, na zona norte.

"Nessas áreas, os traficantes se apoiam em estruturas familiares que duram anos. É difícil quebrar isso já que eles mandam nos morros", disse Beltrame, considerando importante a prisão de Iracema de Oliveira, mulher do traficante Leandro Botelho, o Scooby, que estava escondida no interior da Rocinha.

As ruas e vielas da área onde hoje vivem cerca de 70 mil habitantes serão patrulhadas por 700 policiais, divididos em oito bases posicionadas em contêineres e prédios. Essas unidades, porém, ainda serão instaladas. Os PMs contam só com quatro contêineres no alto da favela.

A UPP chega após dez meses de ocupação da Rocinha pelas forças de segurança. Há um projeto para a instalação de cem câmeras no interior da favela. Ou seja, mais do que as cerca de 50 que existem nas áreas mais violentas do Estado: a Baixada Fluminense e zona oeste do Rio, sem contar a Barra da Tijuca.

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