Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Mercado de trabalho melhor, mas ainda desigual

A MELHORA DOS INDICADORES AINDA MASCARA DESIGUALDADES NO MERCADO DE TRABALHO

CECÍLIA MACHADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os novos dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) apresentam uma melhora nas condições do mercado de trabalho do Brasil.

A taxa de desocupação, medida pelo percentual de pessoas desocupadas em busca de trabalho em relação às pessoas economicamente ativas, caiu para todas as faixas etárias de 2009 a 2011.

O crescimento da economia, com a criação de novos postos de trabalho, aliado à melhor qualificação da mão de obra e a aderência dos trabalhadores nos seus empregos, são alguns dos maiores responsáveis por esta menor taxa de procura.

Os jovens de 18 a 24 anos, entretanto, continuam sendo o grupo mais vulnerável, refletido em uma taxa de desocupação quase duas vezes maior que a taxa para as idades de 25 a 29 anos.

Este grupo experimenta as maiores barreiras para a entrada no mercado de trabalho, não sendo este um fenômeno particular ao Brasil, mas também observado em diversos países do mundo.

Vale notar também que muitos jovens da faixa entre 18 e 24 anos ainda estão estudando em tempo integral (portanto não entram no cálculo da taxa por não estarem procurando emprego e nem fazerem parte da população economicamente ativa), o que levaria a uma redução desta taxa caso fossem incluídos no seu denominador.

Também expressivos são os dados da PNAD sobre o rendimento médio do trabalho, que cresceu 8,3% em termos reais entre 2009 e 2011. Parte deste ganho reflete as melhores características da força de trabalho no Brasil.

Por exemplo, o trabalhador se tornou, em média, mais experiente, devido ao envelhecimento da população ocupada.

Mas além deste efeito demográfico, os investimentos em educação feitos em anos anteriores acabam também por se refletir na escolaridade da atual força de trabalho.

Não é surpreendente, portanto, a constatação de que a participação de trabalhadores com ao menos o ensino médio completo na força de trabalho aumentou em detrimento da redução da participação dos trabalhadores com o fundamental incompleto.

Mas a melhora dos indicadores ainda mascara algumas desigualdades existentes no mercado de trabalho do Brasil, evidenciados nas estatísticas da dispersão e concentração dos rendimentos, no baixo salário relativo das mulheres e na ainda existência do trabalho infantil.

Temos, portanto, ainda mais a almejar nos dados futuros da PNAD.

CECÍLIA MACHADO, economista, é professora da Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV-RJ e PhD em Economia pela Universidade de Columbia (EUA)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.