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EUA analisam suspeitas contra Brookfield no Brasil

Órgão em Washington recebeu em julho denúncia sobre investigações em SP

Casos as acusações no Brasil sejam comprovadas, grupo pode ser punido pelas autoridades americanas

EVANDRO SPINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O governo dos Estados Unidos analisa a suspeita de corrupção que envolve o grupo Brookfield em São Paulo.

O caso foi revelado pela Folha em junho. A SEC (US Securities and Exchange Comission) recebeu a denúncia no fim de julho. A SEC é a versão americana da brasileira CVM (Comissão de Valores Mobiliários) -ela analisa o comportamento de todas as empresas com capital aberto.

O grupo Brookfield, com sede no Canadá e nos Estados Unidos, tem capital mundial de US$ 150 bilhões.

No Brasil, investe no mercado imobiliário, inclusive shoppings, justamente o setor que está sendo acusado de pagar propina.

Oficialmente, a SEC não confirma nem nega se está apurando o caso. Mas a Folha teve acesso a documentos que apontam que o caso já está no escritório da SEC que recebe denúncias (Whistleblower Office), em Washington.

Foi encaminhado ao órgão por Daniela Gonzalez, ex-diretora-executiva da BGE, empresa do grupo que gerencia shoppings, e autora da primeira acusação em São Paulo.

'QUALQUER LUGAR'

Caso fique comprovada a corrupção no Brasil, os diretores da Brookfield nos Estados Unidos podem até ser presos, e a empresa fica sujeita a multas milionárias.

"O crime pode ter ocorrido em qualquer lugar do mundo. Se for praticado por uma empresa americana, pode haver punição nos Estados Unidos", diz Luiz Olavo Baptista, advogado especializado em direito internacional e ex-presidente do órgão de apelação da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Nos EUA, quem investiga esses casos é a SEC.

A Brookfield é investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público em São Paulo por suspeita de corrupção.

Um de seus principais executivos, Bayard Lima, foi indiciado por suspeita de corrupção ativa e formação de quadrilha, assim como Márcia Saad, ex-executiva do grupo e atual superintendente do shopping Pátio Higienópolis.

EX-DIRETORA

Daniela Gonzalez disse à Folha e à Promotoria que a BGE pagou propina para obter benefícios para seus shoppings na capital. Apresentou notas fiscais que justificariam a saída do dinheiro da empresa e e-mails internos em que o assunto é tratado.

Outras seis pessoas ligadas à BGE confirmaram as acusações aos promotores.

O principal beneficiário da propina, diz Daniela, seria Hussain Aref Saab, ex-diretor do Aprov, departamento da prefeitura que aprova plantas de prédios. Aref adquiriu 106 imóveis enquanto esteve no cargo, como a Folha revelou.

O ex-diretor e sua empresa, a SB4, estão com os bens bloqueados pela Justiça.

Também teriam recebido propina o vereador Aurélio Miguel (PR) e outros agentes municipais, como fiscais das subprefeituras.

Tanto Aref como Miguel negam as acusações.

Colaborou RAUL JUSTE LORES, de Nova York

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