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Orientais vivem há 3 meses em Cumbica

Quatro estrangeiros foram flagrados com documentos falsos em um voo doméstico, segundo a Polícia Federal

Eles se recusam a dizer a nacionalidade e o voo de origem; polícia suspeita se tratar de trabalhadores ilegais

PEDRO IVO TOMÉ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ROGÉRIO PAGNAN
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

Quatro estrangeiros de identidade ignorada vivem há três meses em uma sala reservada do aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, sem poder sair nem entrar oficialmente no Brasil.

Segundo a Polícia Federal, os quatro se apresentaram com passaportes coreanos falsos, e não comprovaram meios de se manter no país.

A suspeita da polícia é que sejam chineses, porque intérpretes e um funcionário do consulado chinês os ouviram falando mandarim.

Em casos assim, a PF manda os passageiros em situação irregular para o país de origem. Mas até agora não foi possível definir de onde são.

O motivo: os quatro, dois casais, foram descobertos em um voo doméstico, ao desembarcar no Galeão (Rio), vindos de Cumbica, em 28/6.

Questionados, eles se recusaram a dizer a nacionalidade, o voo em que chegaram ao Brasil e a empresa aérea. A PF suspeita que tenham vindo trabalhar ilegalmente.

Ainda assim, bastaria pesquisar os nomes dos quatro entre as companhias aéreas para saber a data de desembarque. Só que nas listas de passageiros não havia ninguém com os nomes que eles apresentaram: Zhen Hai Fang, Wu Lizhen, Zhou Xinyou e Liu Peihua.

NEM ENTRAR NEM SAIR

Sem documentos válidos, eles não podem entrar oficialmente no Brasil. E, sem saber de onde vieram nem quem os transportou, não podem sair.

A desconfiança da PF é que o grupo tenha usado outro passaporte, talvez até o original, e o descartado. Jogar o passaporte fora não é expediente incomum entre imigrantes chineses, dizem funcionários de Cumbica e um dirigente do setor aéreo.

Outro elemento estimula o mistério em torno deles: quem joga fora o passaporte tem interesse em pedir asilo, o que eles não fizeram.

Embora não possam sair nem entrar no país, os supostos chineses não estão presos. Por lei, a responsabilidade por mantê-los é da companhia aérea. Como não se sabe a empresa que os embarcou no exterior, a atribuição recaiu sobre a Gol, que os levou de Cumbica ao Galeão.

A Gol banca café da manhã, almoço e jantar para os dois casais, além de um segurança. A estimativa é que os gastos tenham superado R$ 30 mil em três meses.

A única saída para o caso é o consulado da China descobrir a identidade deles. Até agora não houve avanços, afirma a PF.

A Folha não conseguiu contato com o consulado.

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