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Ficar sem aula é rotina, diz aluna em Salvador

NELSON BARROS NETO
DE SALVADOR

"Gente, os professores estão doentes. Levem essa tarefa para casa e voltem amanhã", repetia, na quinta, na porta do colégio estadual Professora Maria Odette Pithon Raynal a vice-diretora, sem notar a chegada da reportagem.

A escola fica em Paripe, periferia de Salvador, e registrou um dos piores Ideb na cidade: 1,5, de um máximo de 10.

A Bahia é o Estado com mais escolas que estavam nas últimas posições da avaliação em 2007 e ainda conseguiram piorar no índice de 2011.

Há menos de dois meses, uma greve dos professores deixou os estudantes sem aulas por 115 dias, esticando o período letivo até março de 2013.

"Eles ficam comendo o dinheiro da gente, e a gente fica aqui, sem estudar", disse Flávia Barbosa, 13, uma das alunas da 5ª série liberadas.

A vice-diretora Lêda Guimarães afirmou que dois professores justificaram ausência com atestado médico e que foi um caso excepcional.

A turma de Flávia discorda. "É a nossa rotina, mesmo após a greve. Também não tivemos aula ontem [quarta], nem vai ter amanhã [sexta]", disse Carolina Bispo, 16.

"Tem tráfico dentro da escola. E, se 'caguetar', corre risco de morrer. Para você ter ideia, roubaram três celulares em um só dia."

Perto dali, em Periperi, o colégio estadual de Praia Grande, outro com nota 1,5, tem problemas graves de segurança.

Mãe de uma aluna da 7ª série, Luciane Alves, 29, contou que a filha Uane foi ameaçada com uma faca na sala.

Um dos vice-diretores, Ueldnei Ferreira disse que não poderia "explicar com exatidão" a nota no Ideb e afirmou estar tentando aumentar a segurança.

Procurada, a Secretaria de Educação disse estar acompanhando de perto a situação e ter criado um projeto de reforço escolar. Também garantiu "não faltar verba".

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