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Policial que comete crime é pior que bandido, diz delegado-geral

Afirmação foi feita em discurso no Palácio dos Bandeirantes durante a posse de 289 policiais civis

Não aceitamos inimigos conosco, diz chefe da Polícia Civil; Alckmin pede que agentes sejam 'exemplo de retidão'

DE SÃO PAULO
DO “AGORA”

O governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), e o delegado-geral Marcos Carneiro Lima, chefe da Polícia Civil paulista, disseram ontem a novos policiais civis que o Estado não tem nenhuma tolerância à corrupção policial.

"Quando um policial comete um crime, ele é pior que o bandido. O bandido não tem nada a perder. O policial tem. A primeira coisa que perde é o respeito dos próprios colegas. Nós, da Polícia Civil, não aceitamos inimigos conosco", disse Lima.

O discurso foi feito durante a posse de 289 agentes de telecomunicação da Polícia Civil, em um evento no Palácio dos Bandeirantes.

Nesta semana, a Folha revelou que documentos atribuídos à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) apontam supostos pagamentos feitos por bandidos a policiais civis de SP.

Os documentos -espécie de "livro-caixa" da facção- apontam, ainda, que policiais militares se aliam a criminosos para cometer roubos.

No seu discurso, o delegado pediu aos novos policiais que não entristeçam as suas famílias por terem se envolvido em irregularidades.

Quando questionado pela Folha sobre a sua fala, o delegado-geral disse que reforçou o cuidado que os policiais devem ter para não caírem na "sedução dos criminosos".

"No Brasil, há uma cultura da corrupção, que vem desde a época colonial. Mas é importante a sociedade cobrar essa mudança", afirmou.

Já o governador foi mais sutil na mensagem, dizendo aos novos policiais que eles devem servir de exemplo para a população paulista.

"Exemplo de retidão, exemplo de atender bem as pessoas, de fazer bem feito o que é a nossa atividade."

PCC

Tanto Alckmin quanto o delegado-geral afirmaram que a Corregedoria das polícias irá investigar todos os policiais que tiverem seus nomes envolvidos em acordos com a facção criminosa PCC.

"Se eu identificar suspeição contra qualquer policial que esteja em uma função estratégica, eu mando tirá-lo da função para que seja investigado", disse Carneiro Lima.

Nos últimos seis anos, pelo menos 1.223 policiais civis e militares foram punidos por irregularidades diversas, entre elas, corrupção e tráfico de drogas. Os dados são da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, que recebe denúncias contra policiais civis e militares. (AFONSO BENITES, ROGÉRIO PAGNAN E JOSMAR JOZINO)

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