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Como se fosse pedestre

Vestida à paisana, orientadora da CET estimula as pessoas a fazer o 'gesto da mãozinha' e a atravessar em segurança; ela, porém, é desrespeitada pelos motoristas

THIAGO AZANHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com sua bolsa a tiracolo, de calça jeans e camisa florida, Lea Ione Bison, 47, atravessa repetidamente a faixa de pedestre ao lado de outras pessoas, no cruzamento da Teodoro Sampaio e Capote Valente, em Pinheiros (zona oeste).

Com os pés na faixa, ela faz um gesto com a mão para que os automóveis respeitem sua prioridade. Tudo em vão.

Carros e motos avançam sem pudor, buzinam e colocam em prática a lei do mais forte. Mesmo assim, ela precisa continuar tentando.

Lea é uma "agente especial" da CET. Sua missão: estimular as pessoas a fazer o "gesto da mãozinha" para atravessar e ensinar os motoristas a respeitar o direito dos pedestres.

"Infelizmente poucos têm a consciência de que na conversão a prioridade é do pedestre. Basta fazer o gesto com as mãos e atravessar", explica a agente, recentemente contratada para o serviço.

Desde o começo desta semana, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) iniciou a nova fase do Programa de Proteção ao Pedestre.

Vinte e quatro orientadores foram contratados para, sem uniforme do programa, estimular as outras pessoas a atravessar na faixa de pedestres dando um sinal com o braço para os motoristas.

Os orientadores, no entanto, não podem multar os motoristas que não respeitam a travessia na faixa de pedestres. Eles estão lá para incentivar e ensinar as pessoas.

CRUZAMENTO

A Folha esteve ontem em cruzamentos da rua Teodoro Sampaio -entre a praça Benedito Calixto e rua Capote Valente- durante uma hora.

Entre as 12h e as 13h, o que se pode constatar é que muitos motoristas não param.

A mineira Cristiane Rachid, 40, de passagem por São Paulo, não sentiu segurança para fazer a travessia utilizando o "gesto da mãozinha".

"O gesto não ajuda muito, pois o motorista não enxerga o braço", afirma.

Já Maria Queiroz, 49, mesmo com a insistência de Lea para atravessar na faixa fazendo o sinal, preferiu esperar todos os carros passarem para fazer a travessia.

"Em outros países, os carros dão sinal de luz de longe para a pessoa atravessar", diz Maria. "Aqui, os motoristas não respeitam. Pode até colocar a mão, mas passam por cima do mesmo jeito."

Já Nora Martinez, 67, diz que tem uma dica para atravessar a faixa com menos riscos. "Faço cara de brava para fazer o carro parar e eu poder atravessar", brinca.

Segundo a CET, os 24 "agentes especiais" serão divididos em grupos de três em cada um dos oito subcentros da cidade: Pinheiros, Lapa, Santana, Largo 13 de Maio, Vila Maria, Brás, Penha e São Miguel Paulista.

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