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Após acordo, Bela Vista troca antigo hospital por hotéis, lojas e parque

Grupo francês que comprou imóvel em 2011 se compromete a preservar patrimônio histórico

Entidades de moradores concordam com projeto e encerram um impasse de quase duas décadas sobre o uso do imóvel

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

Um acordo na Justiça colocou fim a um impasse de quase duas décadas sobre o uso do antigo hospital Umberto Primo e liberou a construção de um complexo que inclui hotéis, shopping e centro cultural na Bela Vista, bairro da região central de São Paulo.

Com aval do Ministério Público, o Tribunal de Justiça extinguiu a ação civil pública que impedia novas construções no antigo hospital, que está fechado desde 1993.

O grupo francês Allard comprou em 2011 o imóvel, também chamado de hospital Matarazzo, por R$ 117 milhões e pretende construir dois hotéis -um de alto luxo-, torre comercial, centro cultural, shopping de grifes e parque aberto ao público.

Eduardo Machado, presidente do grupo no Brasil, diz que a previsão é gastar mais R$ 1 bilhão em todo o projeto. As obras devem durar quatro anos após a aprovação.

As duas associações de moradores autoras da ação concordaram com a proposta do grupo e abriram mão do processo, iniciado em 1999.

As entidades foram à Justiça contra uma decisão do Condephaat (órgão estadual do patrimônio histórico) que "destombou" o imóvel e permitiu a construção de um shopping no local. O hospital é tombado desde 1986.

O Allard se comprometeu a cumprir as normas estabelecidas no tombamento por meio de um TAC (termo de ajustamento de conduta).

Marcus Vinicius Gramegna, advogado das entidades, disse que a proposta foi submetida ao arquiteto Paulo Bastos, relator do tombamento no Condephaat. "Ele [Bastos] disse que o projeto era interessante e era condizente com a ideia de preservação."

Ele lembra que o grupo é especializado em patrimônio histórico. "A proposta é recuperar a história do prédio."

Em Paris, o grupo já fez isso com o Hôtel de la Marine, um palácio histórico na place de la Concorde, e com o hotel Le Royal Monceau.

O cultuado designer Philippe Starck é uma espécie de "diretor artístico" do projeto de restauro da área tombada, onde ficarão o hotel de luxo e o shopping para grifes.

A torre comercial, que terá um hotel, foi projetada pelo arquiteto Jean Nouvel.

Haverá ainda um parque de 15 mil m² aberto ao público, que deve receber 4,5 milhões de visitantes por ano e gerar até 2.000 empregos.

TRÂNSITO

Gramegna disse que os moradores vão acompanhar o projeto, inclusive possíveis impactos no trânsito. "O TAC não é um cheque em branco. É só o começo do processo."

O presidente do Allard no Brasil não acredita em impacto significativo de trânsito. Segundo ele, o local foi escolhido também pelo fácil acesso por transporte público -a estação Trianon-Masp do metrô fica a um quarteirão dali.

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