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Brasileiro levou choque quando estava imobilizado

Jovem morreu após ser perseguido pela polícia em Sydney, na Austrália

Policial disse à Justiça que não sabia que o jovem era suspeito de furtar bolachas; vídeo mostra a perseguição

JACIRA WERLE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SYDNEY

Depoimentos prestados ontem à Justiça australiana, em Sydney, apontam que o brasileiro Roberto Laudísio Curti, 21, foi atingido por eletrochoques quando já estava no chão, sendo imobilizado.

Beto, como era conhecido, era suspeito de furtar um pacote de bolachas de uma loja de conveniência e morreu em março após ser perseguido de madrugada pela polícia, que o atingiu com cinco disparos de Taser (pistola de choque).

Um dos depoimentos de ontem foi de um policial envolvido na perseguição, Eric Lim -imagens de uma câmera acoplada à arma dele foram liberadas pela Justiça.

O vídeo contém cenas fortes da perseguição e mostra o momento em que Curti cai após ser atingido por um disparo nas costas -ele estava sem camiseta e com as calças escorregando pelas pernas.

Curti é cercado por policiais, que tentam imobilizá-lo, e se debate. Um policial sobe em cima de seu corpo.

Lim disse que, apesar do brasileiro estar caído, foi preciso disparar mais choques para efetivar a prisão e evitar que policiais fossem feridos. "A situação precisava ser controlada", afirmou à Justiça.

Ele disse não saber que o brasileiro estava desarmado nem que era suspeito de ter furtado pacotes de bolacha.

O policial afirmou ainda que Curti chegou a ser pego e levado ao chão duas vezes, mas conseguiu fugir. Na terceira, ele foi capturado e morreu menos de 15 minutos depois.

'SELVAGEM'

Outra testemunha ouvida foi Wendy Price, que estava num hotel em frente ao local onde parte da perseguição ocorreu. Ela contou que ouviu gritos na rua. Da janela, viu policiais mantendo um rapaz sem camisa no chão.

Na descrição dela, Curti se debatia e gritava "como se fosse um animal selvagem".

Outra testemunha, Tommy Wang, disse que ele teve a perna chutada por uma policial e que estava desarmado.

Mesmo quando estava no chão, afirmou Wang, ele não atacou os policiais. Segundo ela, Curti se debateu muito e gritou por ajuda, até que a movimentação cessou.

Em nota oficial, a família disse considerar importante a divulgação dos momentos finais de Curti. "Somente por meio de honestidade e transparência chegaremos à verdade sobre o que aconteceu, por que e quem é responsável."

O tribunal preliminar que analisa o caso ainda ouvirá testemunhas e envolvidos por mais oito dias. Em seguida, decide se encaminha ou não o caso para ser julgado criminalmente, e pode fazer recomendações como restringir o uso das armas de eletrochoque.

Veja o vídeo

folha.com/no1166546

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