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Entidade cobra política para dislexia

Para instituto, país precisa de ações para identificar crianças com transtorno; governo diz que 'rotular' não é o caminho

Pessoas com dislexia têm dificuldades em relacionar som e grafia; para aprender, precisam de mais tempo

DE SÃO PAULO

Um debate educacional tomou corpo nesta semana: como cuidar das crianças com grandes dificuldades na leitura e na escrita?

O Instituto ABCD, organização social criada em 2009, lançou a Semana da Dislexia, que cobra do poder público políticas para lidar com as crianças com o transtorno.

Segundo o instituto, os disléxicos têm dificuldades em relacionar o som da palavra com a grafia. O problema, diz, decorre de falha neuronal.

Para o instituto, é preciso que haja políticas públicas para identificar a dislexia e ações definidas para esses alunos, que necessitam de mais tempo para aprender e de diversas ferramentas para assimilar um mesmo conteúdo.

"Se não receber a atenção adequada, a criança é grande candidata a evadir mais tarde", disse a presidente da entidade, Mônica Weinstein.

Segundo ela, a literatura científica aponta que entre 3% e 6% da população mundial sofre de algum distúrbio de aprendizagem (não há levantamento no país).

O publicitário Gabriel Carvalho Mas Santacreu, 23, diz ser disléxico. "Até a segunda série, eu 'comia' letras e palavras. A diretora disse para a minha mãe que eu era burro."

A família começou a pesquisar o caso, diagnosticado como dislexia.

Ele conta que, para superar a dificuldade, apostou na memória visual. "Vi que conseguia 'gravar' a aula. Passei a prestar ainda mais atenção. Hoje, me sinto normal."

Para a chamar a atenção do poder público para o tema, o Instituto ABCD promove nesta semana oficinas, prêmios e visitas a centros de referência (informações em facebook.com/InstitutoABCD).

A existência da dislexia, porém, não é unânime. Há pesquisadores que entendem que a dificuldade da aprendizagem decorre de falhas das escolas ou do pouco contado com a leitura em casa.

Avaliação semelhante tem o Ministério da Educação, que entende que "rotular" a criança é o pior a se fazer.

Segundo a diretora de currículos da Secretaria da Educação Básica da pasta, Jaqueline Moll, classificar a criança como portadora de um transtorno pode tirar sua autoestima, "o que prejudica as suas outras potencialidades".

Além disso, os colégios podem se sentir mais confortáveis em desistir do aluno disléxico.

(FÁBIO TAKAHASHI)

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