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Análise Quem tem menos prazer e lazer quer mais é destruir o prazer do outro ELKO PERISSINOTTIESPECIAL PARA A FOLHA Viver em condomínios não difere em nada da vida em família, no trabalho, no lazer. Os desentendimentos dizem respeito ao campo da cultura, da civilização, da história do homem e de seu tempo. Barulhos de quaisquer espécies, intensos ou pequenos ruídos, verdadeiros ou imaginários, ativam nossos focos de ira e intolerância; podemos dizer, egocentrismo e autoritarismo, ou ainda, narcisismo narcotizado com autoamputação existencial e inveja. Pouco importa se a festa do vizinho é escandalosa ou bem comportada, se é antes ou depois das 22h, o fato é que quanto menos prazer e lazer temos na vida, mais temos que destruir o do outro. Pior ainda, se forem jovens e mulheres bonitas festejando, pois aí nos vem a imagem da maconha e do bacanal que nunca tivemos; "toda uma vida que poderia ter sido e que não foi" (Manuel Bandeira). Nem sei se deveríamos falar das grandes importunações, uma vez que a falta de limites e respeito é tão óbvia que tangencia o comportamento psicopático perverso. Mas o que dizer das queixas do barulho do salto alto da moça do andar superior que está chegando de uma festa, ou mesmo indo para o trabalho? Quantos segundos dura esse ruído (invejado) entre o quarto e a porta de saída? Os maus-tratos da solidão e do inexorável sofrimento humano nos deixam enlouquecidos e quem paga a conta de nossas contradições é sempre o vizinho. Qualidade de vida sem pequenos ruídos (mesmo os das profundezas do inconsciente) não existe. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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