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'Profeta' anuncia fim do mundo, reúne 120 pessoas e acaba preso

Justiça autorizou anteontem a retirada de crianças do local, que desempregado chamava de 'arca'

Vizinhos temiam suicídio coletivo; polícia cercou local e o deteve para evitar linchamento

DE SÃO PAULO
DE BELÉM

Um homem que se dizia "profeta" e garantia que o mundo acabaria na tarde de ontem foi detido pela Polícia Militar em Teresina (PI) para que não fosse linchado pelos vizinhos do local onde ele reunia seus seguidores.

De acordo com a Polícia Militar, o desempregado Luís Pereira, que vivia da realização de bicos de serviços gerais, reunia cerca de 120 pessoas em duas casas no bairro Parque Universitário, na periferia da capital do Piauí.

Mesmo não correspondendo ao estereótipo de profeta -vestia camisa polo e bermuda e não mantinha barba ou cabelos longos-, Pereira atraiu homens, mulheres e crianças para o que chamava de "arca", duas casas simples cercadas por varas de dois metros de altura.

Muitas dessas pessoas moravam lá com o desempregado desde o ano passado, segundo a polícia.

Pereira começou a chamar a atenção das autoridades por causa da proximidade da data que ele anunciava como o fim do mundo.

Anteontem, a Justiça determinou o recolhimento do local de 28 crianças e adolescentes, incluindo recém-nascidos, que estavam lá.

Eles foram encaminhados a abrigos pelo Conselho Tutelar da cidade.

TEMOR DE SUICÍDIO

Vizinhos informaram à polícia que havia veneno de rato nas casas e que temiam um suicídio coletivo.

A Polícia Militar chegou a apreender veneno no local, mas em quantidade insuficiente para matar todas as pessoas.

Há um ano, quando disse ter conversado com um anjo, Pereira começou a professar o fim do mundo. Na tarde de ontem, cerca de 50 policiais cercaram a casa.

"Começou há um ano dizendo que tinha tido uma visão, que um anjo conversou com ele. Então foi arregimentando pessoas na periferia, que acreditavam que o mundo acabaria hoje [ontem]", afirmou o coordenador de Operações da PM do Piauí, coronel José Fernandes de Albuquerque.

Como o horário previsto passou, moradores da região começaram a atirar pedras e tijolos na "arca". A PM reagiu com spray de pimenta e bombas de efeito moral.

De acordo com Albuquerque, ninguém ficou ferido.

Pereira e mais dois líderes do grupo foram levados à Central de Flagrantes da Polícia Civil, em Teresina.

Até a conclusão desta edição, o delegado responsável pelo caso ainda não sabia que crime seria atribuído a eles.

As cerca de 70 pessoas que ainda aguardavam o fim do mundo no interior da moradia foram levadas para casas de parentes.

De acordo com Albuquerque, policiais ficarão de guarda nos próximos dias para evitar que as casas usadas pelo falso profeta sejam depredadas.

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