Descontaminar solo de refinaria deve levar 3 anos

O terreno onde há quase 60 anos funciona a refinaria de Manguinhos só deverá estar descontaminado no prazo mínimo de três anos, na avaliação de especialistas ouvidos pela Folha.

O governo do Estado desapropriou o terreno de 500 mil metros quadrados da refinaria para construir um bairro popular que abrigaria moradores das favelas de Manguinhos, Mandela, Varginha e Jacarezinho, ocupadas pela polícia no domingo.

Decreto publicado ontem no Diário Oficial pede urgência na medida. Para o governador, o local não é refinaria "há muito tempo".

Em visita ao morro do Vidigal, na zona sul, junto com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, Sergio Cabral afirmou que a descontaminação deve demorar entre um e dois anos.

"Quanto mais rápido se tentar descontaminar, mais caro o processo vai ser. Só os estudos para descobrir a técnica a ser aplicada devem durar no mínimo seis meses", avalia o professor Márcio Almeida, de Engenharia Geotécnica da Coppe/UFRJ.

Almeida calcula que o custo da descontaminação seja da ordem de R$ 100 milhões.

Para o engenheiro Alexandre Maximiano, da empresa Tecnohidro, especialista em descontaminação e que tem entre seus clientes empresas de petróleo e gás, o processo não é fácil porque o local pode estar contaminado com hidrocarbonetos carcinogênicos, que podem causar câncer.

"O local não funciona como refinaria desde 2005, mas está sucateado. Se não tomarem cuidados as pessoas serão prejudicadas", afirma Emanuel Cancella, do sindicato dos Petroleiros.

De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), no entanto, em agosto a refinaria de Manguinhos processou 352 mil barris de petróleo.

Segundo o governador, a refinaria tem dívidas no valor de R$ 406 milhões. Em nota, a secretaria estadual de Fazendo informou que "a empresa, de forma sistemática, se vale de subterfúgios nas áreas administrativa e judicial na tentativa de pagar seus impostos com precatórios, em desacordo com a lei".

A direção da refinaria informou que só irá se pronunciar após analisar toda a documentação do governo.

BOPE NO JACAREZINHO

Ontem, policiais do Bope ocuparam a favela do Jacarezinho em substituição aos policiais civis. Os PMs explodiram uma piscina que seria usada por traficantes.