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Brasileiros se casam mais com 'iguais' em raça e escolaridade

Exemplo mais evidente é que 75% dos homens brancos e 74% das mulheres brancas se uniram a pessoas da mesma raça

Para IBGE, principal fator da tendência é padrão similar de rendimento; ONG vê falsa democracia racial

DO RIO

Desfazendo o mito de que o Brasil é um país mestiço, dados inéditos do Censo do IBGE de 2010 divulgados ontem mostram que o brasileiro busca seu "par perfeito" em seu próprio grupo étnico e entre pessoas de mesmo nível de instrução, o que aponta uma tendência de união "entre iguais".

O exemplo mais evidente é que 75,3% dos homens brancos e 73,7% das mulheres brancas casavam-se com pessoas da mesma raça, considerando todos os tipos de união (casamento civi, religioso ou união consensual).

"Os dados mostram que há muito folclore no Brasil. A desigualdade racial é muito grande e a questão do casamento é só mais uma faceta. Há uma falsa democracia racial no país", diz Athayde Motta, diretor da ONG Fundo Baobá e mestre em antropologia pela Universidade do Texas.

RENDIMENTO

Para Leonardo Queiroz Athias, técnico do IBGE, porém, o fator determinante que está por trás da tendência de casamentos de pessoas com características semelhantes é o padrão de rendimento.

Um nível salarial parecido, afirma, aproxima futuros casais, que convivem em bairros, escolas e outros espaços de perfil socioeconômico similar.

Essa condicionante do rendimento, diz, explica um número maior de uniões entre brancos e pessoas com curso superior -grupos de renda mais elevada.

Pelos dados do Censo 2010, 47% dos homens e 51,2% das mulheres com curso superior uniam-se a pessoas com o mesmo grau de escolaridade.

Na faixa mais baixa de instrução (até o fundamental incompleto), as uniões entre "iguais" eram ainda mais presentes: 82,9% dos homens e 85,3% das mulheres.

INTER-RACIAL

Apesar de políticas oficiais de equidade de raça, o casamento inter-racial não avançou na década passada.

O total de homens e mulheres brancos que escolheram se casar com pardas e pardos cresceu de 2000 para 2010.

Mas, por outro lado, caiu o número de homens e mulheres pardos que escolheram se unir a brancos e brancas, estancando uma tendência de ampliação dos casamentos inter-raciais registrada nas décadas anteriores, de acordo com o IBGE.

Ainda assim, alguns dados do Censo chamam a atenção, como o fato das mulheres pretas casarem-se mais com homens brancos (25,5% das uniões desse grupo) do que com pardos (22,9%).

Entre aqueles que se declararam pardos, por seu turno, 69% de homens e 68,1% das mulheres tinham parceiros com a mesma cor da pele.

No caso dos pretos (grupo que corresponde a cerca de 10% da população), o fato do menor contingente dificulta

a escolha de pessoas no mesmo grupo para se relacionar e casar, de acordo com o IBGE. (DENISE MENCHEN E PEDRO SOARES)

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