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Dengue grave aumenta entre crianças

Faixa etária de até 15 anos já responde por 25% dos casos mais complicados; até 2004, praticamente não havia registro

Para médicos, quadro se deve principalmente à falta de capacitação de profissionais da saúde para fazer diagnóstico

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

Crianças e adolescentes com menos de 15 anos já respondem por 25% dos casos graves de dengue no Brasil. Até 2004, praticamente não havia registro da doença nesta faixa etária, segundo dados do Ministério da Saúde.

A migração dos casos tem razão epidemiológica (com a maioria dos adultos imune ao vírus, as crianças são a bola da vez), mas a gravidade está associada à falta de capacitação de médicos e enfermeiros em diagnosticar e tratar complicações da dengue.

É o que dizem os médicos Artur Timerman, Estevão Numes e Kleber Luz, que lançaram a obra "Dengue no Brasil", patrocinada pela Johnson&Johnson.

Para Timerman, muitos médicos não estão treinados para identificar a perda de líquido das crianças com dengue -diferente da desidratação por infecção intestinal.

"Na gastroenterite, a criança perde água por vômito e diarreia. Na dengue, a água vai para o pulmão e a cavidade abdominal. A criança não perde peso e isso pode passar despercebido", diz Timeman, do Albert Einstein.

A diminuição da febre nos quadros de dengue é outro sinal de alerta de gravidade da doença, muitas vezes ignorado por mães e médicos.

"Se a febre cai de 40°C para 38°C, todos pensam que a criança está melhorando, mas pode significar que está perdendo líquido e entrando em choque", diz Luz, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Para ele, em um quadro de dengue, pediatras deveriam orientar as mães a medirem a temperatura das crianças mesmo sem febre. "Se a temperatura estiver 35,4°C, tem que correr para o hospital."

Segundo Luz, a dengue é a única doença que, quando a febre passa, as atenções devem ser redobradas. "Se a criança está muito irritada ou muito paradinha, tem dor abdominal intensa e vomita, é outro sinal de alerta", diz.

Em geral, o agravamento da dengue em crianças é súbito, diferente do que ocorre nos adultos, que é gradual.

O livro será distribuído a médicos e disponibilizado no site medlink.com.br a partir de 29 de novembro.

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