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Morador busca no lixo material para 'decorar' casa

Aposentado usa a criatividade para trazer 'vida' a objetos rejeitados

Em Campo Grande, faróis e filtro de ar de caminhão se transformam em luminárias da sala

FERNANDA PROCHMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Luiz Carlos Aguirre, 54, é paulista de Araçatuba e vive há 22 anos em Campo Grande (MS). Já trabalhou como mordomo, motorista e professor. E por hobby, mania ou maluquice, como gosta de dizer, há 15 anos começou a ver o lixo com outros olhos.

Passou então a mobiliar sua casa com objetos descartados e encontrados na rua e na lata do lixo.

"Comecei a andar na rua e encontrava parafuso, prego e via que tinha utilidade. Costumava pegar, pôr no bolso e levar para casa", diz o aposentado, que faz bicos para incrementar a renda.

"Achei cadeira, colchão, cama, guarda-roupa, penteadeira e pensei: 'Nossa, que desperdício!'"

Na casa de três cômodos, onde vive sozinho, praticamente tudo veio do lixo.

A cama, encontrada com a lateral rachada, teve a madeira reforçada e lixada antes de ser colocada em uso. O mesmo aconteceu com o guarda-roupa, a cômoda e a cadeira.

"Nada que uma cola, boa vontade e criatividade não resolvam", afirma.

A bicicleta ele montou em partes: achou o quadro primeiro, depois as rodas, o banco, e foi remendando.

Na sala, a mesa de centro é feita com pneu. Para descansar, uma poltrona de carro divide o espaço com luminárias feitas de filtro de ar de caminhão e faróis.

"Novo, aqui, só a máquina de lavar e o fogão."

SEM VERGONHA

"Não tenho vergonha de fuçar, não. Abro o lixo e pego o que me interessa. Outro dia, estava trabalhando em um shopping e uma senhora, dona de uma butique, ia saindo com uma prateleira", conta.

"Perguntei se queria que eu a carregasse até o carro, e ela falou que iria pôr no lixo. Peguei a peça, pus no meu carro e agora está aí, bonita, na sala", diz Aguirre.

Parte das peças recolhidas, como roupas, sapatos e brinquedos, ele envia para um orfanato. No futuro, diz que gostaria de achar no lixo uma caixa "cheia de consciência". É para que todos respeitem o meio ambiente e façam a sua parte, declara.

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