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Após morte de menina, morador de Higienópolis cobra mais segurança

População de bairro nobre prepara manifestação no sábado; organizadores defendem Rota na rua

'Não queremos Justiça, não queremos paz. Isso todo mundo quer. O que nós queremos é solução', diz moradora

Marcelo Justo/Folhapress
Flores e velas são colocadas emcalçada do bairro Higienópolis (SP), onde a adolescente Caroline, 15, foi assassinada
Flores e velas são colocadas emcalçada do bairro Higienópolis (SP), onde a adolescente Caroline, 15, foi assassinada

ROGÉRIO PAGNAN
GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

"Higienópolis e o Brasil pedem segurança urgente!" O cartaz, afixado no local onde Caroline Silva Lee, 15, foi morta por assaltantes anteontem deu início a uma campanha por mais segurança no bairro nobre do centro paulistano.

Outros cartazes deverão ser espalhados pelas ruas até o ato previsto para o próximo sábado, às 17h, no parque Buenos Aires. Alunos de instituições de ensino como Faap, Mackenzie, Sion e Rio Branco serão convidados a se engajar na campanha.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, até agosto deste ano -última atualização-, ocorreram 71 latrocínios (roubos seguidos de morte) na cidade, nenhum deles em Higienópolis.

A região tem dois distritos policiais (Santa Cecília e Consolação) e um batalhão da PM na avenida Angélica, a 650 m do local do crime.

A garota foi morta com tiros na nuca por ladrões na rua Sabará, quando andava com o namorado. Três rapazes (idades entre 18 e 19 anos), foram presos e confessaram o crime, segundo a polícia.

Para a publicitária Victoria Freitas, 30, uma das organizadoras do movimento, uma solução é a presença nas ruas da Rota, grupo de elite da PM. "Se fosse a Rota que tivesse perseguido os três, eles estariam comendo formiga nessa hora", disse.

"Não queremos Justiça, não queremos paz. Isso todo mundo quer. O que nós queremos é solução", disse Victoria, que mora em frente ao local do assassinato.

Ele tentou salvar a adolescente, assim como a pedagoga Mariana Fernandes, 37, vizinha da tragédia e que também organiza o protesto.

Mariana disse que não conseguiu falar com a polícia por telefone para chamar ajuda.

"Ligávamos várias vezes para o 190 [Polícia Militar] e 193 [resgate médico] para pedir ajuda e não conseguimos. É muito frustrante", disse.

Segundo ela, sua vontade é "deixar o país". "A porta de saída daqui é Cumbica. Falei com uma amiga que está na Austrália. Não volte. Sou eu quem estou querendo ir."

Ottilia Seyssel, 73, disse que o bairro mudou muito, principalmente com o início da ação policial na cracolândia, em janeiro deste ano.

"Quando houve o tiro, o meu cachorro deu um pulo na cama, quase caiu. Nós estamos dentro das nossas casas sem poder sair. Eu, que sou sozinha, não saio mais."

O presidente do conselho de segurança de Higienópolis, José Luís Braz Leme, disse que essa "catástrofe" pode mudar o comportamento da população do bairro.

"Os moradores de Higienópolis são os que menos vão às reuniões de segurança para reclamar de coisa alguma."

Em nota, a PM negou problema nos telefones 190 e 193 e não colocou ninguém para falar com a reportagem sobre as críticas dos moradores.

Colaborou ANDRÉ CARAMANTE

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