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Crescimento de cursos que formam professores fica estagnado em 2011

Número de calouros em matemática, física e química aumentou só 1% no período, mostra Censo

Escolas públicas enfrentam falta de docentes nessas áreas; formação de engenheiros cresceu

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Os cursos universitários que formam professores de física, de química e de matemática para escolas de ensino básico praticamente pararam de crescer, apontam dados do Ministério da Educação.

Essas são as matérias em que há os maiores deficits de docentes no país, especialmente em colégios públicos.

O panorama faz com que o próprio governo federal reconheça que os cursos de formação de professores deveriam continuar crescendo.

A expansão vinha sendo forte. De 2009 a 2010, o número de ingressantes nessas três áreas aumentou 43%, em média,em cursos presenciais. No ano seguinte, o crescimento caiu para 1%.

O movimento é semelhante se considerados as matrículas e os concluintes.

As informações estão presentes no detalhamento do Censo da Educação Superior 2011, divulgado ontem.

NOVAS ESCOLAS

"O governo entende que não é o momento de parar de crescer nessas áreas", disse o presidente do Inep (instituto do ministério responsável pelas estatísticas), Luiz Cláudio Costa, escolhido pela pasta para comentar os dados.

Segundo ele, a queda no crescimento pode estar relacionada a um assentamento, após uma expansão rápida.

Mas ele afirma que o governo tentará retomar a aceleração, com novas universidades e institutos federais, que terão cursos de licenciatura.

O último levantamento do ministério, de 2008, aponta que nessas três matérias faltavam mais de 160 mil docentes nas escolas básicas do país-situação que atinge até Estados ricos como São Paulo, que precisam recorrer a docentes reprovados ou que nem foram avaliados.

Em 2011, foram formados 14 mil universitários para a docência nessas disciplinas. Número inferior, por exemplo, ao de direito (95 mil).

ATRATIVIDADE

Além de ter caído o crescimento nos cursos para formar docentes, outro problema que o país enfrenta é o volume de recém-formados que desistem do magistério.

"Principalmente nessas três matérias, poucos dos meus alunos querem seguir dando aulas", afirmou a professora da Faculdade de Educação da USP Paula Louzano.

A impressão já foi confirmada em estudo da própria universidade, que perguntou aos calouros de licenciatura em física e em matemática de 2010 se eles gostariam de seguir no magistério. Quase a metade disse que não.

Segundo o ministério, a carreira docente tem melhorado, o que terá impacto na atratividade para cursos que formam professores e na retenção dos formados.

Uma das principais melhorias, diz a pasta, foi a adoção do piso salarial nacional (R$ 1.451) -que garante que o professor fique 1/3 da jornada fora da sala de aula (em atividades como preparação de aulas e correção de prova).

ENGENHARIA

Se os cursos de formação de professores perderam força, as engenharias mantiveram um crescimento forte.

De 2009 para 2010, o número de calouros havia crescido cerca de 20%. No período posterior, foi para 23%.

Já o número de concluintes na área subiu 9%. Segundo o representante do ministério, além do aumento de vagas, universidades têm conseguido diminuir a evasão.

"Muitas criaram tutorias, que ajudam os alunos com dificuldades. E o mercado de trabalho aquecido motiva os alunos a se formar", disse Costa, que afirma que a área precisa ainda expandir, para ajudar o crescimento do país.

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