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Madagascar na Paulista

Azaleias dão lugar a pândanos africanos na avenida símbolo da cidade; 'estrangeirização' dos canteiros da via é criticada por ambientalistas

Jorge Araujo/Folhapress
Plantas africanas no canteiro central da avenida Paulista
Plantas africanas no canteiro central da avenida Paulista
OLÍVIA FLORÊNCIA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nos canteiros centrais da avenida Paulista, saem azaleias que secaram e entram plantas ornamentais originárias da ilha de Madagascar, na África.

As 47 jardineiras da avenida, símbolo paulistano, agora têm três pândanos cada uma. A árvore africana, com folhas que se formam em espiral, pode chegar a até dez metros de altura.

O projeto é uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o HCor (Hospital do Coração), que vai bancar tanto o plantio como a manutenção. Os canteiros laterais também terão novas espécies.

A intenção é que ainda sejam plantadas no canteiro central palmeiras-triângulo, espécie também originária do país africano. As duas espécies exóticas já são produzidas e vendidas no Brasil.

O paisagista responsável, Marcelo Queiroz, diz que a escolha das plantas foi determinada pelo espaço.

Segundo ele, por causa do metrô, as raízes das plantas não têm para onde crescer e, caso fosse escolhida uma espécie grande, ela poderia ter uma raiz que estragaria o asfalto ou desceria aos túneis.

"Uma opção seria a bromélia, mas seu uso é proibido por causa da água que ela acumula, podendo causar a reprodução do mosquito da dengue", explica Queiroz.

Para o paisagista, um diferencial do projeto é o fato de que, dessa vez, consta no plano o cuidado diário das plantas, que custará cerca de R$ 250 mil por mês.

CRÍTICAS

Márcia Hirota, diretora de gestão do conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, afirma que o ideal é que essa arborização fosse realizada com espécies brasileiras, adaptadas para um espaço pequeno.

"A Mata Atlântica tem uma diversidade imensa de espécies, daria para transformar esses espaços com opções nativas. Trazer espécies que não são daqui choca", diz.

Segundo o engenheiro agrônomo e consultor ambiental Geza Arbotz, o Jardim Botânico de São Paulo e o Instituto Agrônomo de Campinas oferecem opções de plantas de pequeno porte que poderiam ter fim decorativo.

Mas o engenheiro pondera: "Falta pesquisa. Temos poucas plantas com o ciclo [de reprodução] dominado. Mesmo assim, há opções para todos os gostos na flora brasileira. Não é fácil encontrar nos viveiros, mas é possível".

Para Arbotz, há na escolha o peso da moda. "A maioria das plantas que usamos no paisagismo Brasil são estrangeiras. Tem aqui também uma questão de gosto", afirma.

ALTERNATIVAS

O botânico Ricardo Cardim criticou a iniciativa em seu blog, o Árvores de São Paulo. Na postagem, classificou o fato de as espécies serem africanas como "um absurdo".

"Em vez de uma palmeira-triângulo, por exemplo, poderia ser usada a palmeira-jerivá [espécie brasileira]", diz o especialista à Folha.

Outra opção, afirma, é a clusia, arbusto nativo da serra da Cantareira. "Poderiam colocar também espécies frutíferas de pequeno porte, como a lântana. Isso tudo resulta de uma situação de pouca pesquisa."

Queiroz, paisagista responsável, diz que espécies brasileiras também serão usadas. Segundo ele, foi pedida uma autorização da prefeitura para plantar ipês (roxos, amarelos e brancos), pau-brasil e pau-ferro nos canteiros laterais.


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