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Conferência dá 'mãozinha' em trabalho de estudantes

Jovens se reúnem por meio de ferramentas do Facebook e Skype

Alunos marcam horário para estudar juntos pela internet; professores também podem participar

JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO

O engenheiro agrônomo Luis Antonio Schmidt, 48, já perdeu uma hora no trânsito paulistano desde sua casa, nos Jardins, até a Lapa, na zona norte, para levar a filha Ingrid, 16, à casa de um colega para fazer trabalho escolar.

"Normal, pensava ele, até ver Ingrid usar o computador não só para bater papo com os amigos. Por meio de chats do Facebook ou vídeo do Skype, eles fazem trabalho em grupo e até estudam para provas, cada um na sua casa.

"Achei muito inteligente e esperta esta ideia."

Ingrid não é a única. Outras escolas particulares da capital e do interior notaram um novo comportamento dos alunos com a internet.

Os estudantes -sobretudo adolescentes acima de 15 anos- marcam horário para se "encontrar" em grupos fechados do Facebook, Skype e outros comunicadores para discutir tarefas e tirar dúvidas para provas.

Essa videoconferência caseira para atividades escolares é rotineira entre estudantes de pelo menos 11 colégios particulares na capital consultados pela Folha e outros três no interior do país.

A distância entre os bairros, o trânsito e a agenda cheia dos pais estão entre os motivos do fenômeno.

Segundo as escolas, a interação não fica só entre os alunos. Há casos, como em vésperas de prova, que eles convidam o professor para participar de um grupo fechado para tirar dúvidas.

Ingrid e a amiga Juliana Gigliotti, 16, estudam no colégio São Luis, da capital, e têm uma rotina de até cinco trabalhos mensais. Destes, realizam a maioria pela internet. "É mais seguro, não tenho de pegar metrô", diz Juliana.

A advogada Ana Maria Afonso Ribeiro Bernal estranha a rapidez com que o filho André, 16, do colégio Marista Arquidiocesano, da capital, resolve os assuntos com os colegas.

"Outro dia ele disse: 'Mãe, cobrei o trabalho de todo mundo'. Perguntei como, se ele não tinha ligado para ninguém. E ouvi: 'Se liga! Sou de outra época.'"

Mesmo em cidades do interior paulista, com menos trânsito, o trabalho escolar usa o mundo virtual.

Se tivesse de ir à casa de Luísa Diani, 16, sua amiga no colégio Faap de Ribeirão Preto, Bruna Sousa Fernandes, 16, gastaria de carro só 15 minutos. Ainda assim, elas fazem trabalhos de grupo à distância.

CONTATO PESSOAL

A interação pela internet é um fato irreversível entre adolescentes, mas é importante estimular sempre que possível o contato pessoal com os colegas em casa, no ambiente fora da escola.

A opinião é de Claudemir Belintane, docente da Faculdade de Educação da USP, que pesquisa linguagem e meios eletrônicos.

"É importante que as famílias se conheçam, que uma vá à casa da outra, e não ficarem em seus cubículos achando que estão interagindo com o mundo", diz.

Ao estimular apenas a interação virtual, afirma ele, pode-se criar um paradigma de isolamento entre os próprios adolescentes.


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