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Sem-terra e detentos vivem juntos em colônia penal no RS

Acampamento do MST foi montado em área de unidade prisional em Charqueadas, interior do Rio Grande do Sul

Unidade agrícola abriga cerca de 200 presos; governo estadual afirma que local terá assentamento formal

FELIPE BÄCHTOLD ENVIADO ESPECIAL A CHARQUEADAS

Um acampamento montado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) dentro da área de uma unidade prisional está causando confusão no interior do Rio Grande do Sul.

"Lá não é iluminado. De noite, não se sabe se é preso fugindo ou sem-terra entrando", diz Sidinei Brzuska, da Vara de Execuções Penais.

Sem-terra e detentos dividem o terreno de uma colônia penal agrícola em Charqueadas (a 55 km de Porto Alegre), destinada a presos do regime semiaberto.

Agentes penitenciários dizem que a circulação de sem-terra pelas proximidades da sede da unidade confunde os trabalhos de segurança. Ninguém sabe quem é quem.

No lado dos sem-terra, há reclamações de abordagens ríspidas e intimidação com armas pelos funcionários da segurança da colônia penal.

O MST montou o acampamento no local há um ano.

O juiz Brzuska e os agentes penitenciários dizem que se trata de uma invasão à área.

O governo de Tarso Genro (PT), no entanto, afirma que o espaço onde estão os sem-terra já está sob responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado e que um assentamento formal está sendo providenciado para o local.

MEDO

A unidade agrícola abriga cerca de 200 presos e tem um terreno total de quase 600 hectares. No acampamento, permanecem cerca de 20 famílias ligadas ao MST.

Uma jovem integrante, que preferiu não se identificar, relatou ter medo de permanecer em um setor de barracas próximo à sede da colônia, onde ficam os condenados.

Ela achou melhor se instalar em um outro acampamento, mais afastado, mas ainda dentro da área pertencente à unidade prisional.

Só os condenados em fase final de cumprimento da pena têm autorização para trabalhar na área externa.

O sem-terra Elias Mota, 54, conta que um dos detentos, que ele havia confundido com um colega de movimento, já entrou em seu barraco.

"Estamos misturados com os presos", afirma.

A família de Marco Antônio da Silva, 18, construiu até uma casa de madeira em um ponto que costumava servir de pastagem, no qual presos trabalhavam com gado.

Silva diz que o MST, antes de montar o acampamento, nem sabia da proximidade da unidade prisional. "Para nós, a terra seria liberada."

As outras famílias por enquanto apenas ergueram barracos de lona preta. Não há água encanada nem fornecimento de energia elétrica.

A área, no entanto, tem seus atrativos: está localizada a menos de uma hora de Porto Alegre e próxima do centro de Charqueadas, cidade de 35 mil habitantes.


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