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Análise

Viciados em crack carecem, sobretudo, de atendimento médico

ANTONIO GERALDO DA SILVA ESPECIAL PARA A FOLHA

O governo de São Paulo lançou uma cruzada pela internação à força de usuários de crack que hoje vivem nas ruas da capital paulista. A iniciativa demonstra um interesse do Estado em resolver a questão.

No entanto, cabe avaliar se esta política de internação forçada é a mais adequada.

Há uma necessidade premente de que as autoridades se responsabilizem pelos doentes mentais. O débito do poder público junto a essas pessoas é gigantesco.

O dependente de crack, muitas vezes, é portador de algum transtorno mental e carece, antes de qualquer coisa, de atendimento médico. Se a internação à força for apenas o início de um processo de tratamento para aqueles que precisam de atendimento e não o tem, aí sim temos uma iniciativa correta por parte do governo.

No entanto, vale ressaltar que a internação requer indicação médica, quer seja voluntária, involuntária ou compulsória. Caso contrário, a iniciativa não passaria de uma "limpeza urbana", uma triste eugenia. Para a ação ser efetiva, é preciso que haja uma indicação médica, como manda a lei nº 10.216.

Se a premissa é a saúde da população, trata-se de uma importante ação, que, inclusive, não deve ficar restrita apenas aos viciados em crack, mas também aos que sofrem de outros tipos de dependência química.

Como será a avaliação e acompanhamento, daqui a seis meses, dos viciados em crack retirados das ruas de São Paulo nesta semana? Este parece o ponto central.

Não cabe a nós, médicos, ficarmos contra ou a favor a qualquer tipo de internação. Como profissionais de saúde, o que nos cabe é indicar a internação quando necessária e, a partir daí, buscarmos o melhor tratamento.

O foco da ação não pode ser redução de violência ou diminuição irrisória de usuários. A meta de qualquer governo deve ser acompanhamento pleno dos dependentes químicos, pelo tempo que eles precisarem.

ANTONIO GERALDO DA SILVA é presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.


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