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30 dias de luto

Com panos pretos nos prédios e casas noturnas fechadas, Santa Maria segue com forte sentimento de perda nas ruas, um mês após incêndio que matou 239 pessoas

MELINA GUTERRES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SANTA MARIA (RS)

Um mês após a tragédia que matou 239 pessoas no incêndio da boate Kiss, Santa Maria (RS) continua em silêncio. Lojas, casas e apartamentos mantêm panos pretos na fachada, em sinal de luto.

O prédio queimado da boa-te se tornou ponto de peregrinação. Flores, mensagens, velas e fotos ainda são deixados em frente ao local, apesar de o luto oficial ter acabado na última segunda-feira.

A vida noturna, habituada com a agitação estudantil, se restringe a restaurantes e alguns bares. Não há bandas se apresentando nem música alta. O movimento nas noites do fim de semana é fraco. "Está tudo parado. Nenhuma corrida na sexta e sábado à noite", diz o taxista João Mello.

Casas noturnas estão fechadas, com notas de luto na porta. "Não há clima", diz Jeferson Engelmann, sócio do bar Macondo Lugar, sem data para reabrir após uma vistoria exigir alguns ajustes.

Um dos donos do Museo Pub, Marcelo Guidolin diz que retirou a espuma usada no isolamento acústico da casa.

A fumaça tóxica liberada pela queima da espuma que revestia o teto da Kiss foi apontada pela polícia como provável responsável pelas mortes, após o vocalista da banda que tocava na boate acender uma espécie de sinalizador na trágica madrugada de 27 de janeiro.

"Resolvemos tirar [a espuma] para não causar pânico", diz Guidolin, que só vai reabrir a casa após vistoria.

SOLIDARIEDADE

"Uma cidade jovial e alegre se apagou", diz o médico Arno Brit. Numa iniciativa para "ajudar Santa Maria a sorrir de novo", ele reuniu músicos para gravar uma canção considerada tema da cidade.

Cerca de 30 artistas gravaram um clipe no calçadão da cidade no último fim de semana. O músico Zé Everton, um dos organizadores, diz que a gravação emocionou a comunidade. "A gente estava com receio de que pudessem não gostar, mas todos cantaram juntos", diz. "A gente precisa religar Santa Maria."

Para hoje, está previsto na cidade "um minuto de barulho", às 8h. Igrejas vão badalar sinos, motoristas vão buzinar e as pessoas, bater palmas onde estiverem.

"Um minuto de silêncio é muito triste. Eles estavam alegres naquele dia", diz Aderbhal Ferreira, que preside a recém-criada associação de familiares das vítimas.


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