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AÇÕES
Desvalorização acumulada no ano, 17%, só é menor do que a registrada em 98; volume diário foi o menor desde 96
Em 2002, Bolsa teve o 2º pior ano do Real
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa chegou ao fim de
2002 com seu segundo pior desempenho desde o início do Plano
Real. A desvalorização acumulada de 17,01%, no ano passado,
perdeu apenas para os 33,4% de
perda registrada em 1998 -ano
de crises financeiras mundiais,
que culminou com a maxidesvalorização do real no início de 1999.
Em um ano tão ruim, os negócios encolheram consideravelmente. O volume médio diário
negociado em 2002 foi o menor
desde 96. O giro de cada dia ficou,
na média, em apenas R$ 561 milhões. Em 2000, o volume diário
foi de R$ 745 milhões. Em dois
anos, a queda foi de 24,7% -praticamente um quarto do volume
diário de dinheiro que circulava
pelo pregão evaporou.
Água fria
Analistas afirmam que, se a situação da Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa) já era ruim, a elevação dos juros básicos (Selic) em
dezembro para 25% anuais foi
uma ducha de água fria para
quem apostava em uma recuperação do mercado acionário.
Juros mais altos costumam tornar outros tipos de aplicações, como os fundos DI e de renda fixa,
mais atraentes e teoricamente de
riscos menores do que os apresentados pelo mercado acionário.
O atual estágio dos juros é o
mais alto desde janeiro de 1999.
De outubro a dezembro, o BC
promoveu a subida de sete pontos
percentuais na Selic.
"Para uma melhora da Bolsa no
primeiro trimestre de 2003 é importante que os juros voltem a
cair", diz Charles Phillipp, diretor
da SLW corretora.
No último mês do ano, o resultado da Bolsa não foi desanimador. A valorização do Ibovespa
-índice que segue a variação das
56 ações mais negociadas no pregão- no mês foi de 7,23%, a terceira melhor do ano, só perdendo
para outubro (17,92%) e para fevereiro (10,31%).
No primeiro semestre de 2002, a
Bolsa paulista amargou seu pior
desempenho em 30 anos. A queda
acumulada no período alcançou
os 18%.
O resultado no primeiro semestre só não foi pior porque as ações
do setor exportador -com destaque para mineração, metalurgia e
papel e celulose- subiram consideravelmente. A alta do dólar beneficiou o setor e trouxe compradores para os papéis.
O destaque do período foi o setor de mineração, que acumulou
alta de 41,3%.
"A tensão durante o período
pré-eleitoral colaborou para piorar um mercado que já era ruim."
Em baixa
Para os investidores que colocaram dinheiro em ações, o ano foi
bastante diferente dependendo
do setor em que resolveram aplicar.
Quem concentrou seus investimentos em apenas um segmento
teve que encarar prejuízos maiores do que aqueles que preferiram
o tradicional Ibovespa.
O IEE (Índice de Energia Elétrica, composto por 11 papéis do setor), por exemplo, chegou ao fim
do ano com desvalorização acumulada de mais de 27%.
O setor de telecomunicações,
vedete em outros tempos, também decepcionou. O Itel -formado por 28 ações de teles- acumulou perdas superiores a 20%
no ano.
Dentre os principais índices da
Bovespa, apenas o IBX (Índice
Brasil, composto por cem ações)
conseguiu fechar o ano no azul.
Até o pregão da última sexta, esse índice acumulava ganho de
4,4%.
O melhor desempenho do IBX
em comparação ao Ibovespa repete o que aconteceu em 2001.
Enquanto o Ibovespa acumulou
desvalorização de 11% no ano
passado, o IBX fechou o período
praticamente estável, com pequena baixa de 0,9%.
Mudança
Em 2003, o mercado acionário
passa a operar com um novo índice: o IBX-50. A principal diferença
para o IBX-100 é o menor número
de ações. Uma das críticas do
mercado ao indicador era exatamente o elevado número de papéis, que dificultava seu acompanhamento.
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