São Paulo, quarta-feira, 01 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AÇÕES

Desvalorização acumulada no ano, 17%, só é menor do que a registrada em 98; volume diário foi o menor desde 96

Em 2002, Bolsa teve o 2º pior ano do Real

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa chegou ao fim de 2002 com seu segundo pior desempenho desde o início do Plano Real. A desvalorização acumulada de 17,01%, no ano passado, perdeu apenas para os 33,4% de perda registrada em 1998 -ano de crises financeiras mundiais, que culminou com a maxidesvalorização do real no início de 1999.
Em um ano tão ruim, os negócios encolheram consideravelmente. O volume médio diário negociado em 2002 foi o menor desde 96. O giro de cada dia ficou, na média, em apenas R$ 561 milhões. Em 2000, o volume diário foi de R$ 745 milhões. Em dois anos, a queda foi de 24,7% -praticamente um quarto do volume diário de dinheiro que circulava pelo pregão evaporou.

Água fria
Analistas afirmam que, se a situação da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) já era ruim, a elevação dos juros básicos (Selic) em dezembro para 25% anuais foi uma ducha de água fria para quem apostava em uma recuperação do mercado acionário.
Juros mais altos costumam tornar outros tipos de aplicações, como os fundos DI e de renda fixa, mais atraentes e teoricamente de riscos menores do que os apresentados pelo mercado acionário.
O atual estágio dos juros é o mais alto desde janeiro de 1999.
De outubro a dezembro, o BC promoveu a subida de sete pontos percentuais na Selic.
"Para uma melhora da Bolsa no primeiro trimestre de 2003 é importante que os juros voltem a cair", diz Charles Phillipp, diretor da SLW corretora.
No último mês do ano, o resultado da Bolsa não foi desanimador. A valorização do Ibovespa -índice que segue a variação das 56 ações mais negociadas no pregão- no mês foi de 7,23%, a terceira melhor do ano, só perdendo para outubro (17,92%) e para fevereiro (10,31%).
No primeiro semestre de 2002, a Bolsa paulista amargou seu pior desempenho em 30 anos. A queda acumulada no período alcançou os 18%.
O resultado no primeiro semestre só não foi pior porque as ações do setor exportador -com destaque para mineração, metalurgia e papel e celulose- subiram consideravelmente. A alta do dólar beneficiou o setor e trouxe compradores para os papéis.
O destaque do período foi o setor de mineração, que acumulou alta de 41,3%.
"A tensão durante o período pré-eleitoral colaborou para piorar um mercado que já era ruim."

Em baixa
Para os investidores que colocaram dinheiro em ações, o ano foi bastante diferente dependendo do setor em que resolveram aplicar.
Quem concentrou seus investimentos em apenas um segmento teve que encarar prejuízos maiores do que aqueles que preferiram o tradicional Ibovespa.
O IEE (Índice de Energia Elétrica, composto por 11 papéis do setor), por exemplo, chegou ao fim do ano com desvalorização acumulada de mais de 27%.
O setor de telecomunicações, vedete em outros tempos, também decepcionou. O Itel -formado por 28 ações de teles- acumulou perdas superiores a 20% no ano.
Dentre os principais índices da Bovespa, apenas o IBX (Índice Brasil, composto por cem ações) conseguiu fechar o ano no azul.
Até o pregão da última sexta, esse índice acumulava ganho de 4,4%.
O melhor desempenho do IBX em comparação ao Ibovespa repete o que aconteceu em 2001.
Enquanto o Ibovespa acumulou desvalorização de 11% no ano passado, o IBX fechou o período praticamente estável, com pequena baixa de 0,9%.

Mudança
Em 2003, o mercado acionário passa a operar com um novo índice: o IBX-50. A principal diferença para o IBX-100 é o menor número de ações. Uma das críticas do mercado ao indicador era exatamente o elevado número de papéis, que dificultava seu acompanhamento.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Papéis de exportadoras foram os que mais subiram, graças ao dólar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.