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São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2004

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TRIBUTAÇÃO

Lula veta artigo da MP da Cofins porque queda de 18,1% do dólar em 2003 reduziria arrecadação neste ano

Variação cambial no exterior não é taxada


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com medo de perda de arrecadação, o governo federal vetou um dos artigos do projeto de conversão em lei da medida provisória nº 135, que acaba com a cumulatividade (cobrança em todas as fases produtivas) da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e aumenta sua alíquota de 3% para 7,6% a partir de 1º de fevereiro.
A MP foi sancionada -transformada na lei nº 10.833/2003- e publicada no "Diário Oficial" da União de terça-feira, dia 30 de dezembro. O veto pode ser derrubado pelo Congresso. Mas é improvável que isso ocorra.
Foi vetado o artigo 46. Ele permitia que a variação cambial de investimentos no exterior fosse considerada receita ou despesa e, dessa forma, entrasse na base da cálculo da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).
De acordo com o Ministério da Fazenda, que recomendou o veto ao presidente Lula, o artigo poderia provocar "perda de arrecadação, para o ano de 2004, de significativa monta, comprometendo o equilíbrio fiscal".
O problema aconteceria porque o dólar teve desvalorização em relação ao real em 2003. De acordo com a justificativa do Ministério da Fazenda, a valorização do real foi de cerca de 15% (o dólar comercial caiu 18,1% em 2003).
Para o ministério, como a MP não estabelece quando o artigo 46 entraria em vigor, empresas que têm investimentos em dólar no exterior poderiam entrar na Justiça para pagar menos imposto, uma vez que a base de cálculo teria que ser diminuída porque o dólar caiu em relação ao real.

Ganho de R$ 5,8 bi
O governo calcula ganho máximo de R$ 5,8 bilhões neste ano com a alíquota de 7,6% para a Cofins. Para aprovar a medida, a Fazenda fez uma concessão de quase R$ 1,5 bilhão na Câmara, que deixou de fora da nova alíquota alguns setores (educação e transportes, por exemplo). A arrecadação extra ocorrerá, entre outros motivos, por causa da tributação indireta dos insumos importados.
A receita total da Cofins será superior a R$ 76 bilhões em 2004, de acordo com a Comissão Mista de Orçamento do Congresso. Nos últimos anos, o governo tem preferido aumentar as contribuições sociais porque elas não são divididas com Estados e municípios.


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