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2008 deve acelerar fusões e aquisições no mundo
JOHN GAPPER
DO "NEW YORK TIMES"
Onze anos atrás, Alan
Greenspan, então presidente
do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos),
ponderava: "Como poderemos
determinar se a exuberância irracional provocou elevação indevida nos valores dos ativos,
que em seguida estarão sujeitos
a contrações inesperadas e prolongadas, como as que o Japão
sofreu nos últimos dez anos?".
A resposta é que não havia
como fazer essa determinação,
porque só o tempo responde a
perguntas desse tipo. Mas agora sabemos quando a exuberância se transformou em medo, e esse é o clima que dominará muitos setores em 2008.
Pensem na atmosfera que
predominava um ano atrás,
nesta data. Então, a grande
questão que o setor financeiro
tinha a responder era: por
quanto tempo a festa vai durar?
Os fundos de capital privado
estavam com os caixas repletos
e não encontravam dificuldade
para levantar US$ 50 bilhões
ou mais a fim de tomar o controle de empresas nos EUA e na
Europa. Os bancos de investimento desfrutavam de receitas
operacionais recordes e os de
varejo estavam emprestando
dinheiro generosamente a consumidores e proprietários de
imóveis residenciais.
A economia norte-americana crescia com firmeza e um
boom de commodities gerava
riqueza para países como a
Rússia e as nações do Oriente
Médio. A queda nos preços dos
imóveis residenciais era causa
de preocupação, nos Estados
Unidos, mas parecia continuar
sendo um problema isolado,
que não atingiria os mercados
de crédito ou as outras nações.
Com a aproximação do final
de 2007, os EUA viveram alguns meses de perigo elevado
nos mercados, e o resto do
mundo está descobrindo até
que ponto podem se contagiar.
O Reino Unido está sentindo
os efeitos do colapso do banco
Northern Rock. Existem temores de um colapso no mercado
da habitação e dos efeitos da
queda da libra. O BCE (Banco
Central Europeu) continua a
injetar liquidez nos mercados
financeiros. Só os países do
Oriente Médio continuam a
avançar sem problemas e, aparentemente, ainda mais rápido.
Tudo isso gera graus variáveis de incerteza e preocupação
para os líderes empresariais em
2008, a depender dos setores e
países que eles representem.
As empresas mais problemáticas neste ano serão os bancos,
que sofrem com os prejuízos
causados pelos instrumentos
estruturados de investimento e
com a falta de liquidez.
É possível, e até provável, que
haja uma repetição da crise de
liquidez que afetou o Northern
Rock e forçou o governo britânico a garantir os depósitos dos
correntistas do banco. Os problemas de crédito se tornaram
mais visíveis em Wall Street,
dada a situação de bancos como
o Citigroup e o Morgan Stanley,
mas nada impede que venham
a surgir em outros mercados.
A falta de confiança provavelmente se expandirá para os
setores cíclicos. A indústria automobilística, por exemplo, já
está sofrendo. E pode se espalhar ainda mais. "Mesmo que
você esteja a três graus de distância das empresas financeiras, digamos na distribuição de
gás natural, haverá uma sensação de que mais cautela é necessária", disse Jack Malvey,
estrategista-chefe do departamento de renda fixa do Lehman Brothers.
Incertezas e problemas representarão oportunidades,
em muitos setores. Chris Zook,
que comanda o setor de estratégia mundial da Bain & Co, diz
que 2008 verá "aceleração significativa" do ritmo de aquisição por concorrentes de empresas mais fracas em setores vinculados às commodities, como o aço e o cimento, passando
por linhas aéreas e grupos de
infra-estrutura.
A corrida que fundos soberanos de investimento como os
de Cingapura e dos países do
golfo Pérsico travaram no final
de 2007 para adquirir participações minoritárias em bancos
de Wall Street deve continuar e
se estender a outros setores.
O alto preço do petróleo significa que esses fundos precisam continuar comprando não
só títulos do governo mas participações em empresas de capital aberto e fechado, a fim de investir os recursos que estão
acumulando.
A desaceleração nos Estados
Unidos está criando oportunidades. Cruzar fronteiras também será um imperativo para
empresas que desejem escapar
aos mercados mornos em seus
países de origem.
Os investidores compreenderam que empresas norte-americanas globalmente diversificadas provavelmente terão receita superior àquelas que se
concentram apenas nos Estados Unidos, como o provaram
General Electric, Procter &
Gamble e outras companhias.
Como resultado, as empresas
norte-americanas continuarão
a tentar se expandir no mercado externo.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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