São Paulo, sexta-feira, 01 de janeiro de 2010

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Preço de commodities tem o melhor ano desde 1973

Bolsas também têm forte valorização, recuperando parte das perdas de 2008

Movimento de alta das commodities deve persistir durante este ano, mas, salvo alguma surpresa, ele deverá ser moderado, afirma FMI

DA REDAÇÃO

Os preços das commodities tiveram em 2009 o melhor ano desde 1973, puxados especialmente pela demanda chinesa. Porém, mesmo com o avanço, o setor ainda não conseguiu recuperar as fortes perdas de 2008, quando a cotação dos produtos desabou.
O índice Reuters/Jefferies CRB, que acompanha o preço de 19 commodities (como trigo, cacau, níquel e ouro), se expandiu em 24% no ano passado, o maior avanço desde 1973, na época do primeiro choque do petróleo, quando a cotação do barril disparou e levou o indicador a subir 48%.
O melhor desempenho entre as commodities foi registrado pelo cobre, que subiu quase 140%, seguido pelo açúcar, que teve alta de aproximadamente 128%. Dos 19 preços que compõem o índice, só 2 terminaram o ano no vermelho: o do boi gordo, que caiu 0,2%, e o do trigo, que encolheu 11%.
O avanço se deve principalmente à demanda chinesa, o maior consumidor mundial de commodities como minério de ferro e cobre e que compensou parte da maior retração da economia global desde o fim da Segunda Guerra. A previsão é que o PIB chinês, o terceiro maior do mundo, tenha terminado 2009 com um avanço de 8,5%, de acordo com o FMI.
O país asiático importou volumes recordes tanto de minério de ferro -do qual o Brasil é um dos maiores produtores- como de cobre, servindo de contraponto à fraca demanda dos EUA e da zona do euro, cujas economias devem ter encolhido, respectivamente, 2,7% e 4,2% no ano passado.
Outra razão para esse aumento nos preços é que a queda em 2008 foi violenta: 36%, a pior desde pelo menos 1957, quando foi criado o índice Reuters/Jefferies CRB. Para ter uma ideia, a pontuação registrada ontem está próxima do nível do fim de 2004 e está cerca de 31% abaixo do seu recorde, de fevereiro de 2008.
Um exemplo dessa situação é o preço do barril de petróleo. Ele subiu aproximadamente 80% no ano passado na comparação com o fim de 2008 (está hoje perto da casa dos US$ 80). No entanto, ainda tem uma distância muito longa a percorrer para alcançar o pico registrado dois anos atrás: o preço atual é cerca de 45% inferior ao de julho de 2008, antes de a crise financeira se espalhar do mundo desenvolvido para os países emergentes.

Previsão para o ano
Para o analista Kevin Norrish, especialista em commodities do Barclays Capital, ainda "existe muito potencial de crescimento" para os preços desses produtos. "Se você olhar para o portfólio global de ativos que há por aí, a porcentagem de aplicação em commodities é pequena, menos de 1%."
O FMI vai pelo mesmo caminho, dizendo que a cotação deve continuar subindo neste ano, à medida que a economia global se expanda, passado o pior da crise internacional.
"A demanda deve ser, de modo geral, a principal fonte de pressão de alta [nos preços], visto que se espera que a atividade global avance em um ritmo mais rápido. Com os estoques ainda acima da média para muitas commodities e muita capacidade ociosa em vários setores de commodity, a pressão de alta provavelmente deve permanecer moderada por algum tempo, a não ser que ocorra um crescimento global mais forte que o esperado ou outras surpresas que levem ao fim desses amortecedores", disse o Fundo, em documento publicado anteontem.

Bolsas
O mercado de ações também teve um ano positivo, aproveitando para recuperar parte do prejuízo de 2008. A Bolsa de Londres teve a maior alta desde 1997, com ganho de 22%. Já o índice Dow Jones, de Nova York, subiu 20%, a maior alta desde 2003. Nos mercados emergentes asiáticos, a alta foi ainda mais expressiva. Xangai, na China, se valorizou em 80%, e a Bolsa de Jacarta (Indonésia) teve ganhos de 87%.
Na maioria dos casos, porém, as Bolsas de Valores globais ainda permanecem distantes dos seus picos recentes.


Com agências internacionais


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