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análise
Carga tributária maior garante contas públicas
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os resultados das contas
públicas em 2006 revelam
que o governo federal continuou ampliando o peso total
dos impostos sobre a economia para financiar o aumento das despesas primárias
-aquelas não-financeiras e
destinadas a tocar a máquina
pública no dia-a-dia.
Essas despesas atingiram
23,5% do PIB no ano passado, contra 20,5% em 2003,
segundo cálculos do economista-chefe do HSBC, Alexandre Bassoli.
Para cobrir esse crescimento da despesa e atingir a
meta de superávit primário,
a arrecadação federal subiu
de 23% em 2003 para 25,9%
em 2006.
Apesar do cumprimento
da meta de superávit, Bassoli
afirma que, em termos fiscais, a política do governo federal continua expansionista
nos gastos e assim deve permanecer durante este ano.
"O ajuste [fiscal] baseado
em um forte aumento na taxação tributária traz implicações negativas aos investimentos, à produtividade e ao
crescimento potencial do
PIB", afirma.
Para o economista Celso
Toledo, da MCM, esse aumento do gasto público e sua
"compensação" via mais arrecadação tributária é a principal explicação para o fato
de o Brasil não atingir taxas
de crescimento maiores do
que 3%.
PAC
Toledo considera difícil
que as medidas contidas no
PAC (Plano de Aceleração do
Crescimento) invertam a
tendência de aumento nos
gastos públicos.
As duas principais são: limitar o reajuste do funcionalismo em 1,5% ao ano mais a
inflação e limitar o aumento
do salário mínimo à inflação
mais a variação do PIB de
dois anos antes.
"Do ponto de vista da carga
tributária, o PAC também
não resolve, já que inclui
uma desoneração de apenas
R$ 6 bilhões dentro de uma
carga total de mais de R$ 800
bilhões", diz.
O economista Antonio
Delfim Netto, um dos maiores defensores da contenção
da despesa pública, afirma
que o aumento da arrecadação tributária tem a ver também com o crescimento do
PIB e que não houve necessariamente um aumento real
na carga tributária.
Delfim também afirma
que as críticas à chamada
"qualidade" do superávit primário (sobre como ele é gerado) não fazem sentido. "Do
ponto de vista da trajetória
da dívida pública, a qualidade não importa muito. Basta
que o superávit exista", argumenta o economista.
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