São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bovespa acumula perda de 6,9% em janeiro

Afetada pela crise global, Bolsa de SP registra pior mês desde maio de 2006 e fica em último no ranking das aplicações

No último pregão de janeiro, Bolsa recua 1,33%, prejudicada por ata do Copom; Nova York sobe 1,6% e Londres, 0,73%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa não escapou da tendência mundial e encerrou o mês de janeiro com perdas expressivas, de 6,88%. Esse foi o pior mês para a Bolsa de Valores de São Paulo desde a queda de 9,5% registrada em maio de 2006.
O ano começou marcado pelos receios dos investidores de que os Estados Unidos entrem em um período de recessão. E a cada dado econômico decepcionante da maior economia do planeta, os mercados financeiros reagem derrubando os preços das ações. Isso levou as principais Bolsas de Valores do mundo a encerrarem o primeiro mês de 2008 no vermelho.
Para o pequeno investidor brasileiro que passou a aplicar em ações há pouco tempo, especialmente motivado pelos ganhos expressivos acumulados nos últimos anos, o começo de ano tem exigido sangue-frio.
Como as turbulências que têm sacudido o mercado internacional não devem acabar tão cedo, analistas recomendam que o investidor tenha muita cautela e não corra para vender suas ações neste momento de fortes baixas.
"Há muita turbulência ainda pela frente, não dá para saber até onde a crise vai. Não se sabe ao certo o quanto das perdas que as instituições financeiras sofreram já vieram à tona", afirma Carlos Daniel Coradi, diretor-presidente da EFC (Engenheiros Financeiros & Consultores).
Apesar da queda em janeiro, a Bovespa conseguiu recuperar parte das perdas nos últimos pregões. No dia 21, a queda no mês estava em 15,9%.
O que ajudou a tirar o mercado acionário de seu pior momento no mês foram as duas reduções na taxa de juros americana de referência que o Fed (banco central dos EUA) realizou nos dias 22 e 30. Com o risco de a economia americana se afundar numa recessão, o Fed optou por reduzir os juros de 4,25% para 3% anuais. Dessa forma, deu algum fôlego ao mercado mundial.
Ontem as Bolsas americanas terminaram em alta. Mesmo assim, encerraram o mês com queda. O índice Dow Jones subiu 1,67% ontem (e recuou 4,63% no mês). A Nasdaq ganhou 1,74% (com queda mensal de 9,89%). A alta das ações de seguradoras de bônus favoreceu o desempenho das Bolsas americanas ontem.
Na Europa, a Bolsa de Londres subiu 0,73%.
No pregão de ontem o Ibovespa, índice que reúne as 64 ações brasileiras mais negociadas, teve queda de 1,33%, para encerrar o mês aos 59.490 pontos -nível 9,6% abaixo de seu pico histórico, que foram os 65.790 pontos marcados no pregão do dia 6 de dezembro.
O recado dado pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na ata referente à sua última reunião, divulgada ontem, esfriou um pouco a Bolsa.
O Copom alertou que se as pressões inflacionárias se tornarem preocupantes existe a possibilidade de a taxa básica de juros ser elevada.
Em um momento em que a Bolsa está com rumo indefinido, oscilando muito, e os juros estão mantidos em nível relativamente elevado, de 11,25% anuais, os investidores podem ficar mais tentados a saírem ou deixarem de aplicar em ações.
Apesar de tímida em comparação a 2007, os fundos de ações devem registrar captação líquida (diferença entre saques e aplicações) positiva durante janeiro.
Até o dia 28, os fundos de ações tinham captação de R$ 322,7 milhões, segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Em 2007, a categoria captou líquidos R$ 18,29 bilhões.


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Vai indo que eu talvez não vá
Próximo Texto: "Subprime": Seguradora diz que nota não será rebaixada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.