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Bovespa acumula perda de 6,9% em janeiro
Afetada pela crise global, Bolsa de SP registra pior mês desde maio de 2006 e fica em último no ranking das aplicações
No último pregão de janeiro, Bolsa recua 1,33%, prejudicada por ata do Copom; Nova York sobe 1,6% e Londres, 0,73%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa não escapou da
tendência mundial e encerrou
o mês de janeiro com perdas
expressivas, de 6,88%. Esse foi
o pior mês para a Bolsa de Valores de São Paulo desde a queda
de 9,5% registrada em maio de
2006.
O ano começou marcado pelos receios dos investidores de
que os Estados Unidos entrem
em um período de recessão. E a
cada dado econômico decepcionante da maior economia do
planeta, os mercados financeiros reagem derrubando os preços das ações. Isso levou as
principais Bolsas de Valores do
mundo a encerrarem o primeiro mês de 2008 no vermelho.
Para o pequeno investidor
brasileiro que passou a aplicar
em ações há pouco tempo, especialmente motivado pelos
ganhos expressivos acumulados nos últimos anos, o começo
de ano tem exigido sangue-frio.
Como as turbulências que
têm sacudido o mercado internacional não devem acabar tão
cedo, analistas recomendam
que o investidor tenha muita
cautela e não corra para vender
suas ações neste momento de
fortes baixas.
"Há muita turbulência ainda
pela frente, não dá para saber
até onde a crise vai. Não se sabe
ao certo o quanto das perdas
que as instituições financeiras
sofreram já vieram à tona",
afirma Carlos Daniel Coradi,
diretor-presidente da EFC
(Engenheiros Financeiros &
Consultores).
Apesar da queda em janeiro,
a Bovespa conseguiu recuperar
parte das perdas nos últimos
pregões. No dia 21, a queda no
mês estava em 15,9%.
O que ajudou a tirar o mercado acionário de seu pior momento no mês foram as duas
reduções na taxa de juros americana de referência que o Fed
(banco central dos EUA) realizou nos dias 22 e 30. Com o risco de a economia americana se
afundar numa recessão, o Fed
optou por reduzir os juros de
4,25% para 3% anuais. Dessa
forma, deu algum fôlego ao
mercado mundial.
Ontem as Bolsas americanas
terminaram em alta. Mesmo
assim, encerraram o mês com
queda. O índice Dow Jones subiu 1,67% ontem (e recuou
4,63% no mês). A Nasdaq ganhou 1,74% (com queda mensal
de 9,89%). A alta das ações de
seguradoras de bônus favoreceu o desempenho das Bolsas
americanas ontem.
Na Europa, a Bolsa de Londres subiu 0,73%.
No pregão de ontem o Ibovespa, índice que reúne as 64
ações brasileiras mais negociadas, teve queda de 1,33%, para
encerrar o mês aos 59.490 pontos -nível 9,6% abaixo de seu
pico histórico, que foram os
65.790 pontos marcados no
pregão do dia 6 de dezembro.
O recado dado pelo Copom
(Comitê de Política Monetária)
na ata referente à sua última
reunião, divulgada ontem, esfriou um pouco a Bolsa.
O Copom alertou que se as
pressões inflacionárias se tornarem preocupantes existe a
possibilidade de a taxa básica
de juros ser elevada.
Em um momento em que a
Bolsa está com rumo indefinido, oscilando muito, e os juros
estão mantidos em nível relativamente elevado, de 11,25%
anuais, os investidores podem
ficar mais tentados a saírem ou
deixarem de aplicar em ações.
Apesar de tímida em comparação a 2007, os fundos de
ações devem registrar captação
líquida (diferença entre saques
e aplicações) positiva durante
janeiro.
Até o dia 28, os fundos de
ações tinham captação de R$
322,7 milhões, segundo dados
da Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento).
Em 2007, a categoria captou líquidos R$ 18,29 bilhões.
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