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Fundo DI recupera parte das perdas de 2009
Com expectativa de alta na Selic, investidores voltam a aplicar na categoria, que, ao lado da renda fixa, é a que mais capta no ano
Baixa da Bolsa e menor retorno oferecido pelos CDBs também contribuem para maior procura pelos fundos DI, diz especialista
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa básica da economia
brasileira, a Selic, ainda não começou a ser elevada pelo Banco
Central. Mas os fundos DI, que
são os que seguem mais de perto a oscilação da Selic, já têm
atraído expressivo volume de
recursos. Até o dia 26, R$ 3,76
bilhões líquidos foram aplicados nesses fundos.
A forte entrada coloca os fundos DI, ao lado da renda fixa,
entre as categorias que mais
atraíram capital até o momento
no ano. A renda fixa já recebeu
R$ 7,24 bilhões. Os dados são
da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Essas são as duas categorias
do mercado de fundos que
acompanham com maior intensidade as oscilações dos juros. Assim, serão beneficiadas
pelo esperado aumento da Selic, que está em 8,75% e, segundo projeta o mercado, pode
chegar a 11,25% no fim do ano.
Para o DI, o resultado registrado até aqui representa a recuperação de boa parte dos recursos perdidos em 2009. A categoria foi a mais punida no ano
passado, tendo sofrido saques
líquidos de R$ 5,16 bilhões.
Na opinião de Fabio Colombo, administrador independente de investimento, o fato de a
Bolsa estar em um momento
pouco animador também tem
reflexos na entrada mais forte
de recursos nos fundos.
"O DI costuma ser uma aplicação que os investidores buscam em momentos de incertezas e reavaliação, como ocorre
atualmente em decorrência das
rápidas perdas sofridas no mercado acionário", diz.
Para ele, o fato de os bancos
estarem oferendo taxas menos
apetitosas nos CDBs também
contribui para o movimento.
"À medida que os CDBs vão
vencendo e os investidores vão
encontrando taxas menos interessantes oferecidas pelos bancos, é esperado que olhem com
mais atenção para os fundos."
A Bolsa de Valores iniciou
2010 no vermelho -sofreu desvalorização de 4,65% no primeiro mês do ano. Mesmo assim, os fundos de ações não sofreram debandada. A categoria
registrava captação líquida (diferença entre saques e aplicações) de R$ 1,29 bilhão até o dia
26. Quem tem perdido recursos
são os fundos multimercados,
que têm como particularidade
misturar ações com títulos que
rendem juros. A saída líquida
de recursos dos multimercados
alcança R$ 5,35 bilhões.
Além do DI e da renda fixa,
outra grande categoria que paga juros são os CDBs. Mas as taxas oferecidas pelos CDBs dependem de cada banco. Um
fundo DI, pelo elevado volume
que carrega em sua carteira de
títulos públicos atrelados a juros, acaba por acompanhar
mais de perto a variação da Selic. No caso de um CDB, mesmo
que os juros básicos subam, o
banco pode não querer elevar a
taxa que oferece pela aplicação.
Quem já entrou em um fundo DI terá a chance de aproveitar toda a elevação esperada para a Selic no ano. O mercado
trabalha com a expectativa de
que o início do período de elevação dos juros está próximo.
"[Está] clara a intenção do
Copom de dar início ao ciclo de
alta dos juros em breve. A questão em aberto é se a alta deve
ocorrer em abril ou ser antecipada para março", afirmou Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.
"Os riscos de uma elevação
em março não são desprezíveis,
especialmente por conta dos
impactos da inflação corrente
mais elevada sobre as expectativas. Novas surpresas negativas do lado da inflação podem
ter impacto severo sobre as expectativas e antecipar a necessidade de uma elevação da Selic
para março", diz.
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