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"Temi por corrida contra o dólar", diz Henry Paulson
Ex-secretário do Tesouro diz que movimento, que não ocorreu, seria catastrófico
Em livro que está lançando,
Paulson conta que governo
analisou promover a fusão
de grandes bancos como
Goldman Sachs e Citigroup
DO "FINANCIAL TIMES"
Henry Paulson temia que
houvesse uma "corrida" contra
o dólar (venda maciça da moeda americana, o que derrubaria
seu valor) durante a fase inicial
do agravamento da crise financeira, quando as preocupações
globais estavam voltadas para
os EUA, diz o ex-secretário do
Tesouro americano.
"Era uma preocupação real",
conta Paulson às vésperas do
lançamento do seu livro, "On
the Brink" ("No Limite", em
tradução livre). Para ele, o colapso do dólar seria "catastrófico". "Tudo que poderia ocorrer
de ruim não ocorreu. Nunca tivemos a grande fuga do dólar."
Quando a crise ganhou tamanho e se tornou global com a
quebra do Lehman Brothers,
em setembro de 2008, o dólar
se valorizou -mas Paulson tinha que enfrentar a tempestade de fracassos financeiros.
Ele temia que o Goldman
Sachs e o Morgan Stanley fossem quebrar, junto com Washington Mutual e Wachovia.
O presidente do Goldman
Sachs, Lloyd Blankfein, disse a
Paulson que a instituição seria
a "próxima" se os especuladores fossem bem-sucedidos na
tentativa de derrubar o Morgan
Stanley, segundo o secretário
do Tesouro do governo Bush de
2006 a 2009 e que havia sido o
antecessor de Blankfein à frente do Goldman Sachs.
O governo dos EUA explorou
a possibilidade de fusão entre
JPMorgan e Morgan Stanley,
Goldman Sachs e Citigroup ou
Goldman e Wachovia, mas optaram por tornar Morgan Stanley e Goldman Sachs bancos
de varejo (eram bancos de investimento), o que lhes garantiu acesso a empréstimos do
Fed (o BC dos EUA).
"Os bancos estavam sendo
abatidos como moscas", disse.
Como seu livro relata, Paulson
lutava desesperadamente para
que o Congresso aprovasse o
Tarp (plano de ajuda aos bancos de US$ 700 bilhões).
Paulson afirmou que o momento da virada na crise ocorreu quando -já contando com
o Tarp- os membros do G7
anunciaram, em 10 de outubro
de 2008, intervenções amplas
para garantir financiamento e
acesso a capital aos bancos.
Três dias depois, ele pressionou as nove maiores instituições financeiras do país a aceitar US$ 125 bilhões em dinheiro do Tarp. "Acredito que esse
foi o momento determinante."
Antes daquela semana, ele
afirmou: "Estávamos sempre
correndo atrás. Havia sempre
algo maior do que a gente".
Ele disse esperar que seu livro transmita "o ritmo no qual
as coisas estavam andando e o
número de decisões que tiveram que ser tomadas em um espaço muito curto de tempo".
Paulson disse que ficou surpreso com a veemência da reação pública contra o resgate aos
bancos. Afirma estar frustrado
que as pessoas não prestem
mais atenção aos desastres que
foram evitados com ações feitas na hora certa, como quando
os EUA assumiram o controle
das gigantes de hipoteca Fannie Mae e Freddie Mac.
Em vez disso, a maior parte
do debate se concentra no fracasso de impedir o colapso do
Lehman e na decisão de resgatar a seguradora AIG.
Olhando para trás, Paulson
está confiante de que, apesar
das críticas, as grandes decisões
foram as certas. "Esse revisionismo não entende o ponto
central: tomamos as medidas
importantes que impediram o
sistema de entrar em colapso."
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