São Paulo, segunda, 1 de fevereiro de 1999

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Líder conforma-se em minimizar estrago

do enviado especial a Davos

Os líderes mundiais ou, pelo menos, aqueles presentes ao 29º encontro anual do Fórum Econômico Mundial parecem predispostos a jogar a toalha ante a turbulência financeira e conformar-se em apenas minimizar seus efeitos mais negativos.
É a conclusão inevitável a partir do relato sobre o IGWL (Encontro Informal de Líderes Mundiais), que se realiza todos os anos no âmbito da reunião de Davos.
São sessões fechadas em que os chefes de Estado/governo e os ministros presentes expõem seus pontos de vista aos organizadores e relatores (este ano, o senador norte-americano John Kerry e Howard Davies, da "Financial Services Authority", organismo regulador britânico).
"Os capitais fazem suas escolhas, o que é inerente ao livre mercado, e o máximo que os governos podem fazer é minimizar as perturbações e maximizar a proteção contra elas", relatou Kerry.
Maximizar a proteção significa apenas introduzir (ou reforçar, nos países em que já existe) a rede de proteção social.
E também reforçar programas de educação.
Parece pouco quando se sabe que, na visão dos próprios líderes, os 18 meses de crise desde que a Tailândia implodiu "revelaram dois problemas subjacentes na maneira como operam os mercados financeiros", relata, por sua vez, Howard Davies.
Problema um - Aumento da volatilidade no fluxo de capitais.
Nem por isso os líderes mundiais chegaram a um consenso sobre a necessidade ou não de impor controles a tais fluxos, disseram os relatores.
Problema dois - O contágio da crise de um país ao outro. Diz Davies: "Cria-se uma situação em que o país se dana por não fazer (políticas sadias), mas se dana também por fazê-las, porque o mercado falha em distingui-los".
De todo modo, os líderes mundiais mostraram-se, este ano, "mais calmos e mais resignados" do que no ano passado, quando a crise de turno era a da Ásia (Rússia e Brasil só estourariam depois).
Kerry atribui a relativa calma ao fato de que as autoridades ganharam experiência com as sucessivas crises e teriam, agora, "mais clareza sobre como responder aos desafios".
Parece uma avaliação otimista demais, a julgar pelas controvérsias e dificuldades para avançar na chamada "reforma da arquitetura financeira mundial", também discutida pelos líderes.
Salvo a já antiga pregação em favor de maior transparência nas informações sobre operações financeiras e de uma regulação mais rígida dos sistemas financeiros dos mercados emergentes, não surgiram propostas novas.
(CR)


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