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4 ANOS DE LULA/ 2006
Economia acelera no último trimestre
Consumo das famílias e investimentos puxam expansão de 2,9% no ano passado, e PIB sobe 3,8% nos últimos 3 meses
Pela primeira vez desde 2000, setor externo é fator negativo no PIB brasileiro, com as importações crescendo 18% no ano
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
O PIB brasileiro cresceu
2,9% em 2006 em relação a
2005 e terminou o ano em aceleração. No último trimestre do
ano passado, a economia brasileira cresceu 3,8% na comparação com igual período de 2005.
No segundo semestre de
2006, o país cresceu a uma taxa
de 3,5%, acima dos 2,2% dos
primeiros seis meses do ano. A
expansão de 2006 foi apoiada
principalmente no consumo
das famílias e nos investimentos do setor produtivo e de
construção civil. A maior força
negativa foi o setor externo.
Favorecidas pelo dólar barato, as importações no ano passado aumentaram 18,1% (quase
o dobro de 2005), contra exportações de 5%. "O grande fato de
2006 é que tivemos, pela primeira vez desde 2000, o setor
externo contribuindo negativamente para o PIB", disse Rebeca Palis, do IBGE.
Enquanto a demanda interna
cresceu cerca de 4,3%, o resultado do setor externo foi negativo em 1,4%. O saldo entre esses dois componentes gerais do
PIB é o crescimento de 2,9%.
Mantendo uma tendência de
13 trimestres, o consumo das
famílias subiu 3,8% no ano,
apoiado em expansão de 5,6%
da massa salarial e de 29,9% do
crédito aos consumidores. Mas
a indústria como um todo cresceu 3%, contra 3,3% de 2005.
Isso demonstra que boa parte da demanda interna foi atendida pelos importados.
No último trimestre de 2006,
as importações deram novo salto, de 23,7%, na comparação
com o mesmo período de 2005.
Já as exportações subiram menos (4,3%) do que a média do
ano, o que revela tendência de
manutenção de resultados externos negativos no PIB.
O dólar também tende a seguir fraco, já que o Brasil atrai
dinheiro de fora com a maior
taxa de juros reais do mundo e
com o resultado das exportações de commodities agrícolas
e minerais, com preços altos.
Mesmo anteontem, quando
os mercados globais viveram
dia de forte turbulência, o dólar
teve apenas uma pequena valorização no Brasil (1,7%), isso
com o Banco Central intervindo para elevar o preço da moeda. Ontem, o dólar voltou a cair.
Economista do Ipea, Paulo
Levy espera que o setor externo
volte a contribuir negativamente para o PIB de 2007, reduzindo a expansão da economia em 1,3%. "Neste ano, teremos um cenário de recuperação gradual da economia apoiado na demanda interna, que deve crescer 4,9%", disse.
Diante da aceleração do crescimento no último trimestre de
2006, a projeção do Ipea, ligado
ao Planejamento, de um PIB de
3,6% em 2007 deve ser revisada
para um percentual um pouco
maior (3,7%). O Ipea havia estimado em 3,4% o PIB de 2006.
Se por um lado as importações limitaram o aumento da
produção da indústria (a de
transformação cresceu só
1,9%), elas tiveram papel importante nos investimentos, no
controle da inflação e na arrecadação (os impostos na área
subiram 23,1%).
Os investimentos (chamados
de FBCF -Formação Bruta de
Capital Fixo) cresceram 6,3%
em 2006. O aumento na aquisição de máquinas e equipamentos foi de 8,5% (a importação
cresceu 24% em volume) e a
construção civil (que representa 60% da FBCF) evoluiu 4,7%.
Condições de crescer
O economista Sérgio Vale, da
MB Associados, afirma que o
PIB de 2006 e as previsões para
2007 "vão deixando claro que o
Brasil não tem muitas condições de crescer acima dos 3,5%
sem mudanças estruturais".
Vale cita o enxugamento do
gasto público e a conseqüente
queda da carga tributária como
condições para dar impulso ao
PIB. Ele diz que mesmo a redução do juro não terá forte influência, já que as taxas para
consumidores e empresas não
caem na mesma velocidade.
Marcela Prada, economista
da Tendências, afirma que o resultado de 2,9% em 2006 "é positivo" e que a evolução no último trimestre (3,8% sobre
2005) deve garantir um PIB de
pelo menos 3,4% este ano.
Para o economista Bráulio
Borges, da LCA, só o efeito inercial de um crescimento maior
em 2006 (o chamado "carry
over") poderia gerar uma expansão adicional de 0,2 ponto
percentual do PIB em 2007.
Ele manteve a projeção de 4,1%
porque o IBGE vai mudar a metodologia do PIB e recalculá-lo.
(FERNANDO CANZIAN e PEDRO SOARES)
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