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Mínimo sobe 9,2% e passa hoje a R$ 415
Ganho acima da inflação é de 4%; área econômica havia proposto R$ 414, mas Lula decide na última hora dar mais R$ 1
Aumento representará um gasto extra de R$ 7,45 bi para o governo federal; reajuste no próximo
ano será em fevereiro
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O salário mínimo passará a
R$ 415 a partir de hoje. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
assinou ontem a medida provisória que reajusta o atual piso
de R$ 380 em 9,21%. É um ganho acima da inflação de cerca
de 4% -a depender da variação
do INPC (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor) a ser
divulgado nos próximos dias.
O aumento real acumulado
nos seis anos de gestão petista
deverá atingir 36,97%, divididos em 25,32% entre 2003 e
2006 e 9,3% no acumulado de
2007 e 2008. Para se equiparar
ao ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002), Lula precisará conceder
nos próximos dois anos aumentos reais que somem
5,50%. Nos oito anos do governo tucano, o salário mínimo teve ganho real de 44,5%, sendo
19,67% no primeiro mandato
(1995-1998) e 20,75% no segundo (1999-2002). Em dólar,
o mínimo passará a US$ 245.
Em dezembro de 2002, final do
governo FHC, era US$ 56,50.
Para as contas do governo, o
novo mínimo representará gasto adicional de R$ 7,455 bilhões
neste ano. O aumento abrangerá 17,1 milhões de aposentados
e pensionistas da Previdência e
beneficiários da assistência social. Além disso, o piso salarial
serve de referência para o pagamento do seguro-desemprego e
o abono salarial do PIS/Pasep.
No mercado de trabalho, o
mínimo corresponde à renda
de 28,1 milhões de pessoas -incluindo os segurados da Previdência, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) de 2006. Só entre
os trabalhadores com carteira
assinada, existem 2,274 milhões de pessoas que ganham
até um salário mínimo.
De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), o salário mínimo
necessário para fazer frente às
necessidades do trabalhador
seria de R$ 1.924,59.
A decisão sobre o valor do novo mínimo colocou de um lado
os ministros Guido Mantega
(Fazenda) e Paulo Bernardo
(Planejamento) e do outro Luiz
Marinho (Previdência). Mantega e Bernardo haviam fechado o valor de R$ 414.
Pelas regras de cálculo que o
governo vem adotando para
reajustar o mínimo, o piso deveria passar para R$ 413,70. Essa fórmula considera a variação
da inflação pelo INPC -estimada em 4,9%- mais o PIB de
dois anos atrás -3,75%.
A equipe econômica achou
melhor, no entanto, arredondar para R$ 414. Ao saber da decisão, Marinho procurou Lula e
o convenceu que seria melhor
fazer um arredondamento
completo. O presidente autorizou o aumento de R$ 35.
No ano passado, ao lançar o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), o governo definiu uma política de recomposição do salário mínimo até
2011. Foi enviado ao Legislativo
um projeto de lei estipulando
uma forma de calcular o reajuste (inflação mais PIB de dois
anos atrás). O texto prevê também a antecipação em um mês
a cada ano da data do reajuste.
Embora a proposta ainda não
tenha sido aprovada pelo Congresso, o governo vem mantendo o compromisso com essas
alterações. No ano passado, a
data de reajuste -que era
maio- foi antecipada em um
mês, assim como neste ano. Em
2010, chegará a janeiro.
Quando encaminhou a proposta de Orçamento ao Congresso no ano passado, o governo projetou um aumento de R$
407,33. Isso considerava um
INPC acumulado de 3,7% entre
abril de 2007 e fevereiro deste
ano. A alta nos preços dos alimentos, principalmente, pressionou a inflação além do esperado, jogando por terra as estimativas do governo. O relator
do Orçamento no Congresso,
deputado José Pimentel (PT-CE), refez as contas e chegou a
R$ 412,40. Mas suas projeções
também foram superadas pela
aceleração dos preços.
Além do aumento do mínimo, neste mês o governo também precisa reajustar os benefícios previdenciários acima do
piso salarial. Para esses 8 milhões de aposentadorias e pensões, a Previdência aplica só a
variação do INPC, que deve ficar em 4,97%.
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