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Folhainvest
Cresce ganho de banco com taxa sobre fundo
Com aumento de patrimônio dos fundos em 2009 e sem fuga para a poupança, instituições não reduzem taxas cobradas
Especialistas aconselham investidor a ficar atento à taxa cobrada e a negociar com bancos a migração para fundos com taxas menores
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ano de 2009 chegou a ser
marcado pelo temor de que haveria fuga de recursos dos fundos de investimento para a
poupança, o que prejudicaria os
bancos. Mas o balanço do ano
mostrou realidade distinta.
Nunca antes o mercado de fundos foi tão grande e lucrativo
para as instituições financeiras.
Análise do balanço de quatro
dos maiores bancos no país
-Itaú Unibanco, Bradesco,
Caixa Econômica Federal e
Santander- revela que as receitas com a administração de
fundos em 2009 alcançaram
R$ 5,52 bilhões, alta de 8,3%
em relação a 2008.
Dois fatores explicam os resultados expressivos do ano: as
taxas de administração não foram reduzidas e o mercado de
fundos registrou a maior captação de sua história (R$ 87,63 bilhões líquidos foram depositados nos fundos em 2009).
Especialistas aconselham os
investidores a ficarem sempre
atentos à taxa de administração
dos seus fundos de investimento e a negociar com o banco a
transferência para fundos de
taxa menor dentro da mesma
categoria de aplicação.
"A grande vantagem dos gestores é que pouca gente se
preocupa com isso [taxa de administração], o que favoreceu a
manutenção das taxas no ano
passado. E, neste ano, o assunto
tende a esfriar", disse William
Eid Júnior, do Centro de Estudos em Finanças da FGV.
Quando os juros básicos (Selic) desceram abaixo dos 10%,
no primeiro semestre de 2009,
intensificou-se a discussão sobre se os fundos teriam de cortar as taxas de administração
para manter seus aplicadores
pois, com Selic mais baixa, cai o
ganho. Assim, o peso da taxa de
administração no ganho final
aumenta. Como a poupança
não cobra essa taxa, nem IR, o
temor era o de que o investidor
migrasse para a caderneta.
Todo fundo tem taxa de administração, forma de remunerar o trabalho do gestor. Costuma variar de 1% a 3% ao ano.
"Na medida em que voltou a
crescer o volume aplicado nos
fundos e os bancos mantiveram, de modo geral, as taxas
que cobravam, suas receitas só
cresceram. As taxas de administração são livres, o BC não
tem regra que limite ou defina
sua cobrança. Como a temida
fuga para a poupança não ocorreu, não houve motivo para
achatar as taxas", disse Luis
Miguel Santacreu, analista financeiro da Austin Rating.
Taxas ascendentes
O mercado de fundos encerrou 2009 com o pico de R$ 1,41
trilhão. Neste ano (até dia 20 de
fevereiro), o patrimônio já alcança nova marca recorde, de
R$ 1,46 trilhão, segundo dados
da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
"Os clientes costumam manter os fundos e os gestores. Dessa forma, a taxa de administração representa uma receita cativa para as instituições financeiras. Como a concorrência
entre os fundos é limitada, é difícil algo ser alterado."
Ao menos duas categorias registraram aumento médio na
taxa de administração em
2009, em rumo inverso ao esperado para o período, devido à
ameaça da poupança.
A taxa média cobrada dos
fundos multimercados foi de
1,42% em janeiro de 2009 para
1,48% em dezembro. Nos fundos de ações, subiu de 2,16%
para 2,24% nesse período.
Como a categoria de multimercados foi a que mais captou
recursos e cresceu no ano passado, a curva ascendente da taxa de administração foi bastante interessante para as instituições financeiras. A categoria
captou líquidos R$ 35,61 bilhões no ano passado.
Os fundos multimercados
são caracterizados por poderem aplicar sua carteira em diferentes segmentos, como
ações e papéis que pagam juros.
No ano passado, a única medida tomada pelos bancos foi a
de permitir que os clientes aplicassem montantes menores de
recursos em fundos que exigiam aportes maiores e cobravam taxas mais baixas.
Isso ocorreu da seguinte forma: um fundo exigia aplicação
mínima inicial de R$ 50 mil e
cobrava taxa de 1%. Outro, do
mesmo banco, exigia aporte
inicial menor, de R$ 20 mil,
mas tinha taxa de 2%. O que os
bancos fizeram foi permitir que
o cliente que tinha só R$ 20 mil
entrasse no fundo que antes
exigia R$ 50 mil para pagar taxa
de administração menor.
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