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São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2003

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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO

Abdib sugere que Tesouro faça aporte de recursos de R$ 8 bilhões para capitalizar as elétricas

Dilma descarta "Proer" para setor elétrico

Marco Antonio Rezende/Folha Imagem
A ministra Dilma Rousseff em solenidade em Angra dos Reis (RJ)


PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS (RJ)

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, afirmou ontem que ""o governo não pretende fazer um Proer para o setor elétrico", como forma de sanar os problemas financeiros que algumas distribuidoras de energia atravessam. ""Em nenhum momento o governo se comprometeu, ou acha razoável um programa equivalente ao Proer do setor financeiro."
Lançado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o Proer foi uma ajuda a fundo perdido concedida aos bancos, com a justificativa de evitar uma crise sistêmica do setor.
A declaração foi uma resposta à sugestão apresentada na semana passada pela Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), de que o Tesouro fizesse um aporte de recursos de R$ 8 bilhões para capitalizar as empresas de energia, segundo informou ontem o jornal "Valor Econômico".
Rousseff afirmou que a proposta lhe foi apresentada na semana passada, em reunião na sede da Abdib, em São Paulo, mas que ela não foi detalhada nem seus valores especificados.
"Eu recebi das empresas do setor elétrico uma reivindicação genérica. Eles reivindicavam um processo de recapitalização com base em ações preferenciais."
Segundo o jornal "Valor", pela proposta da Abdib o governo emprestaria o dinheiro e receberia em troca ações preferenciais das empresas remuneradas pela variação do IGP-M mais juro de 6% ao ano.
A ministra afirmou que só iria comentar a proposta depois de conhecê-la em detalhes. Só depois que um documento formal for entregue, disse Dilma, será feita uma avaliação e o governo tomará uma posição.
"Não vou me manifestar sobre algo de que eu tomei conhecimento desta forma [pelo jornal", ainda mais porque não se trata de algo muito baratinho", afirmou, em referência aos R$ 8 bilhões.
Rousseff participou ontem em Angra dos Reis, litoral sul do Rio, do lançamento ao mar do primeiro navio feito pelo estaleiro BrasFels (antigo Verolme) depois de dez anos. A embarcação, com custo de R$ 90 milhões, dará apoio às operações da Petrobras na bacia de Campos.
A recuperação da indústria naval foi uma das bandeiras de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também defendida ontem pela ministra.

Má gestão
Segundo a ministra, o racionamento de energia não é a causa principal dos problemas financeiros das companhias elétricas. Ela citou o fato de as empresas terem se endividado em dólar, enquanto suas receitas são em reais.
Para Dilma, um pacote de ajuda não é adequado porque o ministério considera que "as questões financeiras das empresas são diferenciadas".
"Na nossa análise as companhias tem, sim, problemas de má gestão. Nesse caso não cabe um socorro do governo federal", afirmou. Segundo a ministra, outro problema do setor é o modelo introduzido no governo anterior, "com falhas na sua origem".
Ela acredita que um estudo completo sobre a capitalização pretendida pelas companhias do setor deve ser apresentada nos próximos dias. Só depois disso, diz a ministra, é que o governo irá se pronunciar oficialmente.

O jornalista Pedro Soares viajou a Angra dos Reis a convite do estaleiro BrasFells

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