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SEM ESPETÁCULO
Ritmo de expansão deve ter sido menor do que nos últimos três meses de 2003, segundo relatório do BC
PIB do 1º trimestre cresceu até 0,9%, prevê Banco Central
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O crescimento da economia no
primeiro trimestre deste ano deve
ter ficado entre 0,8% e 0,9%, segundo projeção divulgada ontem
pelo Banco Central. Se anualizada
para os demais trimestres, essa taxa ficaria entre 3,2% e 3,6%, o que
é compatível com o crescimento
de 3,5% projetado pelo governo
para este ano.
Nos últimos três meses do ano
passado, a economia cresceu 1,5%
na comparação com o trimestre
anterior. Para o diretor de Política
Econômica do Banco Central,
Afonso Bevilaqua, essa redução
no ritmo de crescimento da economia, na comparação com o último trimestre de 2003, é "normal". Segundo ele, a recuperação
da economia sempre começa com
um impulso maior, mas perde
força num segundo momento.
Ele não relacionou essa redução
no ritmo de crescimento ao fato
de o BC ter mantido inalterada
em 16,5% nos dois primeiros meses deste ano a taxa básica de juros, após queda de dez pontos
percentuais de junho a dezembro
do ano passado. Teoricamente,
juros mais reduzem o nível de atividade econômica.
De acordo com o Relatório de
Inflação, documento do BC com
projeções para a economia, o
crescimento deste ano deve ser
puxado pela agropecuária, setor
que deve registrar expansão de
5,2%. A indústria, que em 2003
encolheu 1%, deve crescer 4,5%.
Para 2003, o BC projetava que a
economia fosse crescer 0,3%. O
resultado final, porém, foi uma
retração de 0,2%, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). "Fomos um pouco
mais otimistas, mas continuo
achando que nossa estimativa para este ano é perfeitamente factível", disse Bevilaqua.
Em compensação, a inflação
mais elevada observada neste início de ano não deve se manter nos
próximos meses, segundo o diretor do Banco Central. Em janeiro,
o BC surpreendeu ao não reduzir
os juros, alegando que a alta dos
preços podia não ser temporária.
Bevilaqua defendeu a ação do
BC, dizendo que foi a decisão de
manter os juros que impediu que
a alta dos preços continuasse ao
longo do ano. Sobre as críticas de
que os juros altos estariam prejudicando a recuperação da economia, disse que "os bons resultados
do nível de atividade não estão
sendo percebidos" por aqueles
que criticam o BC.
Ele também negou que a instituição tenha falhado na sua estratégia de comunicação ao informar suas decisões ao mercado.
Muitos analistas que se disseram
surpresos com a manutenção dos
juros no começo do ano afirmaram que o BC não soube sinalizar
o caminho que a política monetária iria tomar, o que teria afetado
sua credibilidade.
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