São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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SEM ESPETÁCULO

Ritmo de expansão deve ter sido menor do que nos últimos três meses de 2003, segundo relatório do BC

PIB do 1º trimestre cresceu até 0,9%, prevê Banco Central

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O crescimento da economia no primeiro trimestre deste ano deve ter ficado entre 0,8% e 0,9%, segundo projeção divulgada ontem pelo Banco Central. Se anualizada para os demais trimestres, essa taxa ficaria entre 3,2% e 3,6%, o que é compatível com o crescimento de 3,5% projetado pelo governo para este ano.
Nos últimos três meses do ano passado, a economia cresceu 1,5% na comparação com o trimestre anterior. Para o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, essa redução no ritmo de crescimento da economia, na comparação com o último trimestre de 2003, é "normal". Segundo ele, a recuperação da economia sempre começa com um impulso maior, mas perde força num segundo momento.
Ele não relacionou essa redução no ritmo de crescimento ao fato de o BC ter mantido inalterada em 16,5% nos dois primeiros meses deste ano a taxa básica de juros, após queda de dez pontos percentuais de junho a dezembro do ano passado. Teoricamente, juros mais reduzem o nível de atividade econômica.
De acordo com o Relatório de Inflação, documento do BC com projeções para a economia, o crescimento deste ano deve ser puxado pela agropecuária, setor que deve registrar expansão de 5,2%. A indústria, que em 2003 encolheu 1%, deve crescer 4,5%.
Para 2003, o BC projetava que a economia fosse crescer 0,3%. O resultado final, porém, foi uma retração de 0,2%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). "Fomos um pouco mais otimistas, mas continuo achando que nossa estimativa para este ano é perfeitamente factível", disse Bevilaqua.
Em compensação, a inflação mais elevada observada neste início de ano não deve se manter nos próximos meses, segundo o diretor do Banco Central. Em janeiro, o BC surpreendeu ao não reduzir os juros, alegando que a alta dos preços podia não ser temporária.
Bevilaqua defendeu a ação do BC, dizendo que foi a decisão de manter os juros que impediu que a alta dos preços continuasse ao longo do ano. Sobre as críticas de que os juros altos estariam prejudicando a recuperação da economia, disse que "os bons resultados do nível de atividade não estão sendo percebidos" por aqueles que criticam o BC.
Ele também negou que a instituição tenha falhado na sua estratégia de comunicação ao informar suas decisões ao mercado. Muitos analistas que se disseram surpresos com a manutenção dos juros no começo do ano afirmaram que o BC não soube sinalizar o caminho que a política monetária iria tomar, o que teria afetado sua credibilidade.


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